Fala de Lula sobre Holocausto divide governo e gerou reação desproporcional de Netanyahu, avaliam assessores

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparando o conflito na Faixa de Gaza à ação de Adolf Hitler contra os judeus, na Alemanha nazista, dividiu o governo.
Uma ala, ligada diretamente a Lula no Palácio do Planalto, discorda que o presidente tenha cometido um erro nas suas declarações. E, com isso, também discorda da reação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Outra ala, formada principalmente por diplomatas, reconhece que o presidente cometeu um grande equívoco na declaração. Ainda assim, condena a reação de Netanyahu no episódio.
O líder israelense está aproveitando as declarações de Lula para sair da defensiva no plano internacional. Netanyahu tem sido criticado pelos Estados Unidos, seu aliado de sempre, e pela Europa em razão da ofensiva desproporcional contra o Hamas, vitimando os palestinos na Faixa de Gaza, principalmente mulheres e crianças.
No plano internacional, as críticas de Lula a Israel têm ressonância, porque os chefes de governo avaliam que já passou da hora de Netanyahu pôr um fim ao conflito.
O problema, neste caso, foi Lula ter estabelecido um paralelo controverso entre o conflito na Faixa de Gaza e o Holocausto – genocídio cometido por Hitler contra os judeus.
Neste ponto, Lula deu munição para Israel.
Entre assessores mais próximos de Lula, a avaliação é que não há necessidade fazer “correções” na fala do chefe.
Segundo eles, a Corte Internacional de Justiça já determinou que “há indícios de genocídio nas ações de Israel contra a população palestina em Gaza e ordenou que fosse posto fim à matança”.
Entre diplomatas, a avaliação é que Lula cometeu um escorregão e ele havia sido aconselhado a evitar polêmicas maiores com Israel.
Só que a reação de Israel está sendo classificada de exagerada e um “show” – iniciado ao convocar o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para reunião no Museu do Holocausto, e agravado ao declarar Lula “persona non grata”.
Agora, qualquer reação do governo brasileiro vai demandar muita cautela, porque os ânimos ficaram acirrados dos dois lados.
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