Glioblastoma: Tumor que causou morte de estudante e foi descoberto após série de dores de cabeça é raro em jovens, segundo especialista


Tumor cerebral é agressivo e difícil de ser identificado, aponta neurocirurgião. Saiba mais sobre a doença. Estudante diagnosticada com câncer após série de dores de cabeça morre aos 21 anos
O glioblastoma, tumor cerebral que causou a morte da estudante de medicina Letícia Boaron, de 21 anos, é considerado raro em pessoas jovens, segundo o médico neurocirurgião Fabio Viegas.
Apesar de ser o tumor maligno mais comum do Sistema Nervoso Central, a maior parte dos pacientes tem acima de 50 anos de idade e é homem, afirma.
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram
Porém, conforme Viegas, o único fator que influencia no acometimento da doença é possuir histórico familiar de câncer, não importa qual o tipo.
Agressivo, este tipo de câncer também é difícil de ser identificado, explica.
No caso da jovem de Ponta Grossa, dos Campos Gerais do Paraná, o diagnóstico surgiu após dores constantes de cabeça. Um mês após o início dos sintomas, ela sofreu convulsões e teve que ser operada às pressas – e só então descobriu a doença. Saiba mais sobre a história abaixo.
Letícia Boaron lutava contra o tumor há quase dois anos
Arquivo pessoal
“Esse é o pior tipo de tumor no cérebro, é o mais letal e não tem cura. Infiltrativo, ele nasce, vai se espalhando e normalmente não causa sintomas expressivos, apenas quando atinge uma área mais específica, como o sistema monomotor ou a visão do paciente”, exemplifica o especialista.
Por isso, normalmente o glioblastoma é descoberto quando já está em estágio avançado, explica.
Leia também:
Rim único: condição de personal trainer que morreu aguardando transplante atinge uma a cada mil pessoas
Por que pessoas jovens e com hábitos saudáveis também infartam? Especialista explica causas comuns
Após furto de papagaio: Empresário é morto a tiros ao cobrar suspeito
De acordo com Viegas, a dor de cabeça é o primeiro e mais comum sintoma deste tipo de câncer.
A dificuldade de diagnóstico está no fato de que a “cefaléia”, termo médico para dores de cabeça, pode ser reflexo de uma série de problemas – e, ao mesmo tempo, de nenhum. Por isso, a recomendação é que se procure um especialista quando dores de cabeça se tornam contínuas ou muito fortes.
“Se a dor persiste por mais de uma semana e a pessoa já tomou remédios e não melhorou, ou então se é tão intensa como nenhuma outra que já sentiu na vida, é hora de ir ao médico”, aconselha o neurocirurgião.
Outros sintomas comuns são convulsões e sensações de formigamento, complementa o médico.
Quanto antes o tumor for descoberto, antes pode ser removido, refletindo no aumento da expectativa de vida do paciente.
O diagnóstico é feito via tomografia ou ressonância magnética. O tratamento, conforme o especialista, é feito via cirurgia para retirada do tumor, além de radioterapia e quimioterapia.
De acordo com a Associação Americana de Neurocirurgiões, a incidência de casos de glioblastoma é de 3,21 a cada 100 mil pessoas.
Jovem descobriu câncer após dores de cabeça
Letícia Boaron tinha 21 anos
Arquivo pessoal
Letícia Boaron, de 21 anos, morreu em Ponta Grossa no dia 10 de fevereiro, quase dois anos após iniciar a luta contra o câncer. Ela começou a sentir dores de cabeça constantes e levou cerca de um mês para descobrir o diagnóstico correto após os primeiros sintomas.
Segundo a mãe de Letícia, Andreza Boaron, a jovem procurou ajuda no início de 2022, quando as dores de cabeça se intensificaram. Na época, ela tinha se mudado para a Argentina para cursar Medicina.
Como era período de pandemia, indicaram que ela fizesse um teste de Covid-19, que deu negativo. A mãe conta que a médica que a atendeu, então, disse que ela poderia estar com sinusite.
As dores pioraram e, no final de março, Andreza decidiu viajar a Buenos Aires de surpresa para ver como estava a filha.
“Eu não sabia se era emocional, se ela querer voltar para casa, ou se ela estava doente. A colega de apartamento me disse que ela não estava bem e não queria contar para não preocupar”, lembra.
Dois dias após Andreza chegar à Argentina, Letícia sofreu uma convulsão. Uma tomografia mostrou o tumor e a jovem foi operada às pressas.
Quando acordou, a estudante estava sem os movimentos do lado esquerdo do corpo. Letícia, então, voltou para Ponta Grossa e iniciou o tratamento contra o câncer.
Um ano e onze meses depois, faleceu horas após chegar ao hospital passando mal devido ao tumor ter se espalhado por todo o cérebro.
A mãe lembra que, ao entrar em Medicina, a área que mais despertou o interesse da filha foi a neurologia.
“Não tinha quem não gostasse dela, a Letícia tinha o poder de cativar as pessoas. Tinha muita fé e falava que Jesus queria levá-la e que ela ia sentir saudades dos pais e dos três irmãos. Não tem como aliviar essa dor”, afirma a mãe Andreza Boaron.
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná
Leia mais notícias no g1 Campos Gerais e Sul.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.