Nova subespécie de pintadinho é descoberta no Alagoas


Após revisitar taxonomia da espécie, biólogos descobriram que grupo do norte do Rio São Francisco é diferente de outras três populações da ave. Pintadinho visto em Santa Leopoldina, no Espírito Santo
Gabriel Bonfa / iNaturalist
Uma nova subespécie de pintadinho (Drymophila squamata) foi descoberta por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O artigo foi publicado na quinta-feira (15), na revista científica Zootaxa.
De acordo com a publicação, a nova subespécie foi chamada de Drymophila squamata selenosticta, com nome popular de pintadinho-do-nordeste. Segundo fontes bibliográficas consultadas pelos cientistas, a ave já havia sido registradas nas localidades:
São Lourenço da Mata (PE)
Mata de Maria Maior, em Canhotinho (PE)
Reserva Frei Caneca, em Jaqueira (PE)
Estação Ecológica de Murici, em Murici (AL)
Engenho Coimbra, em Ibateguara (AL)
Mata do Pinto, em São José da Lage (AL)
Fazenda Santa Maria, em União dos Palmares (AL)
No entanto, embora seja conhecida historicamente em sete localidades da Mata Atlântica de Pernambuco e Alagoas, a presença da nova subespécie persiste apenas na Estação Ecológica de Murici, no Alagoas, ao norte do Rio São Francisco.
Segundo os autores do artigo, todos os indivíduos de D. squamata selenosticta podem ser distinguidos de suas contrapartes de todas as outras populações de D. squamata por apresentarem manchas brancas em forma de meia-lua no dorso.
Variação geográfica da plumagem de pintadinhos. A população marcada com quadrado amarelo é a da nova subespécie descrita.
Taxonomic revision of the Scaled Antbird Drymophila squamata
Após testes envolvendo a estrutura genética das populações, a variação geográfica da plumagem e a variação acústica geográfica, foi possível diferenciar a população de pintadinhos-do-nordeste outras populações de pintadinhos: uma na Bahia, uma ao leste de Minas Gerais até o Espírito Santo e outra do sul do Rio de Janeiro ao norte do Paraná.
Como era antes
O formigueiro-escamoso ou papa-formiga é um passeriforme endêmico da Mata Atlântica do leste brasileiro. Na literatura científica, somente duas subespécies eram reconhecidas anteriormente, por meio do número de manchas brancas na coroa.

Drymophila squamata squamata (Lichtenstein, 1823): ocorre no nordeste do Brasil, do estado de Alagoas até a Bahia;
Drymophila squamata stictocorypha (Boucard & Berlepsch, 1892): ocorre no sudeste do Brasil, de Minas Gerais até o nordeste do estado de Santa Catarina. Esta subespécie difere da espécie nominal por possuir muitas pintas na coroa.
Para análise genética da espécie, foram amostrados 16 espécimes de 10 locais espalhados pela distribuição da ave, obtidos de coleções de museus ou universidades e de expedições de campo. Já para as análises morfológicas e acústicas, foram analisadas 273 peles de museu e 110 gravações de vocalizações individuais, respectivamente.
Com base na maior e mais abrangente amostra geograficamente examinada até o momento, o estudo separou a população de pintadinhos ao norte do Rio São Francisco como uma nova subespécie (D. squamata selenosticta), refutou a taxonomia de D. squamata stictocorypha e manteve as demais populações na subespécie D. squamata squamata.
A espécie
Ave da família Thamnophilidae, o pintadinho (Drymophila squamata) mede entre 12 e 13 centímetros de comprimento e é uma espécie de plumagem inconfundível.
O macho é preto com a parte superior com manchas brancas e o supercílio branco, possui duas barras brancas nas asas e a cauda barrada de branco. A fêmea possui um padrão similar mas o preto é substituído por marrom e o branco por amarelo esbranquiçado.
Pintadinho registrado no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro
Sergio R Porto / iNaturalist
O pintadinho é frequentemente encontrado em matas de baixada entre 0 e 300 metros, raramente atingindo os 900 metros de altitude. Habita matas de restinga (Sudeste) e de tabuleiro (Nordeste).
Como consta no Wikiaves, a espécie se alimenta de insetos e pequenas lagartas. O macho canta o dia todo no interior da mata, sendo bastante territorialista. Geralmente, a espécie é vista em casais.
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