Apagão na UFRGS: armazenamento de gelo da Antártica que ajuda a explicar mudanças climáticas deixa cientistas em alerta


Amostras estão separadas em pequenos frascos armazenados em refrigeradores, além de um pedaço de 150 metros que foi retirado de uma geleira – este, armazenado em frigorífico especializado. UFRGS sofre apagão e registra transtornos
O apagão que atingiu um campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no início da semana deixou um grupo de cientistas em estado de alerta. Eles armazenam no Campus do Vale, em Porto Alegre, cerca de 10 mil amostras de gelo coletado na Antártica, em um estudo que pretende ajudar a entender as mudanças climáticas do planeta nos últimos 500 anos.
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As amostras estão separadas em pequenos frascos, que são armazenados nos refrigeradores do campus, além de um pedaço de cerca de 150 metros que foi retirado de uma geleira – este, armazenado em um frigorífico especializado.
Nas redes sociais, a informação de um suposto derretimento do gelo da Antártica foi disseminada, mas o climatologista responsável pelo Centro Polar Climático, unidade vinculada à universidade, garante que nada foi perdido.
Expedição à Antártica coletou 150 metros de uma geleira, material suficiente para investigar 500 anos de história do clima
Reprodução
“Neste momento, estamos bem. Os freezers chegaram a ficar desligados, mas como estão carregados de amostras de gelo, conseguimos manter a temperatura até o retorno. Tive que voltar da praia, fiquei atento acompanhando o prédio sem energia, para ter certeza que nenhum freezer iria queimar”, explica o professor Francisco Aquino.
Desde segunda-feira (12), o local passou por dois apagões. O primeiro durou quase 30 horas, tempo suficiente para afetar dezenas de prédios onde alunos e cientistas fazem trabalhos de pesquisa. A UFRGS estima um prejuízo de milhões de reais em insumos que eram armazenados para pesquisas científicas.
Professor Francisco Aquino ficou de plantão ao lado de freezers para acompanhar o funcionamento dos equipamentos
Reprodução/RBS TV
“Quando há quedas de energia como essa, há risco de queimar equipamentos, o que aconteceu em vários laboratórios, mas não no nosso”, completa Aquino.
A energia foi restabelecida de forma provisória no início da noite de terça. Menos de um dia depois, no entanto, pesquisadores foram surpreendidos mais uma vez pela falta de luz. A CEEE Equatorial informa que a falta de energia mais recente foi causada pelo desligamento de um alimentador que atende a rede da universidade. O problema foi identificado, e a luz voltou no fim da tarde.
Gelo coletado na Antártica é armazenado em pequenos pacotes que ficam em freezers
Reprodução/RBS TV
Prejuízos
O apagão no campus do Vale da UFRGS provocou um prejuízo estimado em milhões de reais em insumos que eram armazenados para pesquisas científicas. Foram cerca de cinco horas sem luz até que uma alternativa provisória fosse viabilizada, na tarde de segunda-feira (14). Os estudos estão comprometidos e os pesquisadores buscam formas de obter materiais e continuar as pesquisas.
“Perdi dois experimentos que eu trabalho. Vamos começar do zero”, afirma o vice-diretor da Faculdade de Agronomia da universidade, Paulo Vitor Dutra de Souza.
O apagão aconteceu por volta das 14h da segunda. Segundo a empresa responsável pelo fornecimento, a CPFL Serviços, cabos do sistema elétrico foram rompidos pela escavação de uma obra de ampliação da subestação da companhia.
Até que uma antiga subestação fosse religada para retomar o fornecimento da luz provisoriamente, por volta das 19h, os materiais armazenados do campus sofreram danos. De acordo com o professor, plantas morreram nas casas de vegetação e, nas áreas dedicadas à zootecnia, frangos e peixes morreram.
Apagão em campus da UFRGS assustou cientistas que coletaram amostra de gelo na Antártica
Reprodução/RBS TV
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