Aniversário de SP: conheça ‘Turma do Jiló’, projeto que incentiva educação inclusiva


Carolina fundou o projeto, que atua nas escolas para implementar e garantir a educação inclusiva, após tentar matricular o filho, que tem deficiência, e escutar que ele seria incapaz de aprender. Projeto se conecta ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 da ONU. Turma do Jiló’, projeto que incentiva educação inclusiva
TV Globo
Ao matricular o filho na escola pela primeira vez, Carolina Videira, de 44 anos, foi informada que ele seria incapaz de aprender, que ficaria lá apenas para fazer amigos.
Para uma neurocientista como ela, isso soou bastante contraditório. João tinha uma condição que afetava suas habilidades motoras e de fala. Naquele momento, Carola — como é conhecida — resolveu mudar tudo em sua vida e ir atrás de respostas.
“Comecei a me interessar pelo universo da educação no Brasil. Pedi demissão. Levei o meu filho para os Estados Unidos e em pouco tempo a gente conseguiu fornecer para ele uma tecnologia assistiva que, através do movimento dos seus olhos, conseguia controlar um mouse do computador.”
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A experiência a fez querer empreender e levar essa possibilidade para mais crianças. Em 2015, fundou oficialmente a Turma do Jiló, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua nas escolas para implementar e garantir a educação inclusiva, na qual todas as crianças e os adolescentes, sem exceção, tenham a garantia do direito à educação.
Além disso, promove ações em empresas, com formações em diversidade e inclusão.
Antes de sair do Brasil, Carola trabalhava em uma multinacional. Foi durante a gestação que descobriu que o filho seria uma criança com deficiência.
Na volta da licença-maternidade teve uma surpresa desagradável. “Perguntaram se eu queria continuar uma carreira comercial ou se eu iria me dedicar à maternidade, porque as duas coisas eu não poderia ter.”
Turma do Jiló é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua nas escolas para implementar e garantir a educação inclusiva
TV Globo
Em 2021, a equipe da Turma do Jiló havia crescido, e o projeto estava funcionando bem. Porém, no dia 29 de novembro daquele ano, João morreu.
“Ele tinha 13 anos, estava incluído, fazendo prova na escola. Aquela criança que não mexia nenhuma parte do corpo, que nunca falou, que nunca andou, mostrou que era capaz de aprender, como qualquer pessoa é.”
Carola pensou em desistir, mas entendeu que o projeto era muito maior do que seu filho e decidiu seguir com o objetivo de incluir o máximo de crianças possível nas escolas.
Atualmente, a Turma do Jiló leva conhecimento sobre inclusão para professores e gestores de escolas públicas e privadas, promovendo formação também para as famílias dessas crianças.
O projeto já impactou mais de 100 mil pessoas entre alunos, professores e colaboradores corporativos de diferentes segmentos de mercado.
Turma do Jiló
Divulgação
Uma das escolas impactadas pelo projeto em 2023 foi a Professor Neir Augusto Lopes, localizada no extremo Norte da capital paulista. A diretora da escola, Adriana Gomez, que tem deficiência física, sabe bem a importância de se fazer a inclusão na prática.
“Eu acho que o que é mais lindo é ver uma criança cadeirante ou com qualquer dificuldade que tromba comigo no pátio e me pergunta: ‘Como você conseguiu ser a diretora?”’, conta. “Eu imagino que ela sinta aquilo que eu sentia quando eu era pequena: ‘Será que eu consigo? Será que eu posso?’”.
Carola acredita que o futuro possível precisa ser igualitário e com oportunidades para todas as pessoas.
“A gente só tem inovação, só se desenvolve como ser humano e como cidadãos se convivemos com a diversidade. Só se a gente conhecer o que é diferente podemos construir um mundo melhor, onde ninguém fique de fora.”
Por dentro dos ODs
Para as celebrações dos 470 anos da capital paulista, o Bom dia São Paulo, o SP1, SP2 e o g1 exibem nesta semana uma série de reportagens sobre paulistanos que estão fazendo a diferença em cada uma das áreas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ajudando a tornar a cidade um lugar melhor e mais justo para todos.
Nesta reportagem, tratamos do ODS 4: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos.
Confira em detalhes o que ele estabelece:
4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes.
4.2 Até 2030, garantir que todos tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles estejam prontos para o ensino primário.
4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade.
4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e empreendedorismo.
4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade.
4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e mulheres estejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico de matemática.
4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.
4.a Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero, e proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos.
4.b Até 2020, substancialmente ampliar globalmente o número de bolsas de estudo para os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior, incluindo programas de formação profissional, de tecnologia da informação e da comunicação, técnicos, de engenharia e programas científicos em países desenvolvidos e outros países em desenvolvimento.
4.c Até 2030, aumentar substancialmente o contingente de professores qualificados, inclusive por meio da cooperação internacional para a formação de professores, nos países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
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