No Dia Mundial do Rádio, locutores reforçam importância do veículo de comunicação para a sociedade: ‘Está vivíssimo’


Ao g1, dois locutores de Sorocaba (SP) relatam a sua trajetória no mundo radialístico. Para eles, ao contrário da opinião popular, o veículo de comunicação está mais vivo do que nunca. Valter (à esquerda) e Edgar (à direita) são locutores da região de Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
Considerado um dos veículos de comunicação mais primordiais de todos os tempos, o rádio conquistou um protagonismo memorável no século passado. Através do seu sinal de transmissão, capaz de atravessar lugares inóspitos, a informação e o entretenimento passaram a ser divulgados de uma forma revolucionária.
Para o Dia Mundial do Rádio, celebrado nesta terça-feira (13), o g1 conversou com dois locutores de Sorocaba (SP), que retrataram suas histórias de vida no meio do radialismo. Durante a caminhada de mais de duas décadas, eles explicam que o microfone possui uma importância crucial para toda a sociedade.
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Edgar Davilla, de 40 anos, atua há quase 20 anos na área. Para ele, durante toda a vida, o rádio foi e é um companheiro do dia a dia.
“O rádio, além de ser o meu ganha-pão, é um encanto na minha vida. Tudo que envolve esse mundo é mágico. Ele é surpreendente, justamente por você não saber que música vai tocar, o que o locutor vai falar. O rádio é o meu companheiro do dia a dia e é capaz de transformar vidas”, diz.
Edgar já entrevistou inúmeros artistas brasileiros, como a cantora Ana Castela
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Apresentador de uma emissora local, o sorocabano, que iniciou sua carreira sendo locutor de um parque de diversões, afirma que, durante todo seu trajeto, precisou se adaptar com as “modernidades” da sociedade.
“Sou uma pessoa que prefere mais os formatos tradicionais, de ter o suspense de passar a informação sem imagens para o ouvinte. Porém, chegamos em um ponto que os profissionais da área não estavam se adaptando para o novo rádio, para o gosto do público”, diz.
“Relutei, mas ao ficar para trás, percebi que precisava mudar. Hoje, nós utilizamos muito a internet em conjunto para fazer essa troca com a audiência, além da divulgação do nosso trabalho. Independente da plataforma, todos nós precisamos nos adequar às tecnologias do momento”, completa.
Para Edgar, o rádio está mais vivo do que nunca
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A partir do surgimento de outros métodos de divulgação de informação, como a televisão e a internet, o rádio perdeu uma parcela de seu protagonismo. Porém, Edgar explica que, ao contrário da opinião popular, que acha que o veículo pode acabar, na verdade, ele está mais vivo do que nunca.
“Agora, além da internet e da TV, temos as plataformas de streaming e o bluetooth, que são grandes ‘concorrências’ para o rádio. Mas, o rádio é atual, moderno. Mudamos a forma de nos comunicarmos, de nos promovermos. Há uma linda história em torno desta plataforma. O faturamento cresce a cada ano. De acordo com o Ibope, 75% das pessoas ainda utilizam o rádio. Quem fala que ele pode acabar, claramente não acompanha o mercado. Ele está vivíssimo”, conta.
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O radialista Valter César Calis, de 54 anos, também é uma das figuras marcantes na cena local. Com experiência em diversas estações de toda a região, ele conta que trabalhar na área é a realização de uma paixão de infância.
“Quando criança, escutava as músicas e as anotava em um papel, para ver se a sequência seria a mesma no dia seguinte. Uma das principais funções do aparelho, na época, era entreter e agregar ao jovem através da comunicação sonora. Falavam muito sobre a cultura musical. Daí em diante, me apaixonei”, relembra.
“Tudo que conquistei em minha vida foi através do rádio. Estar onde estou é um sonho de infância. Já trabalhei com muitas pessoas que um dia eu me considerava fã. Nunca me esqueço de quando uma pessoa me ligou para agradecer, pois ela estava passando por um momento difícil e a minha voz deixava ela mais acolhida, que eu era um amigo de verdade. Isso vale todas as noites sem dormir”, acrescenta.
Valter tem 54 anos e trabalha como radialista desde os 17
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Em entrevista ao g1, Valter afirma que o “declínio” do rádio é uma tendência natural. Com a chegada de outras maneiras de se informar, a oferta é muito maior, segundo ele.
“Atualmente, a audiência é muito menor e, na verdade, isso é comum. Não há nada de errado. Depois que a internet apareceu, a oferta cresceu. É muito importante pontuar que a comunicação sonora foi criada há muito tempo. Tudo muda com o passar dos dias”, afirma.
Para o locutor, as pessoas deveriam repensar em como se referir ao meio. “Jamais podemos chamar o rádio de mídia offline, pois isso significa algo desligado, esquecido, abandonado. E é uma mentira! Sua importância para a sociedade é imprescindível, assim como a modernização”, conta.
Dia Mundial do Rádio: Locutores expressam a importância do veículo de comunicação para a sociedade
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Valter ainda destaca a praticidade que o rádio possui. Mesmo com a existência de outras formas de se entreter, há poucas chances dele ser extinguido.
“As plataformas não se anulam, elas se ajudam. Existe um ‘cross’ entre todas elas. O rádio não tem a preocupação de cenário, de ter que parar tudo o que está fazendo para prestar atenção. A praticidade dele é inigualável. As pessoas precisam entender que o digital jamais irá matá-lo”, finaliza.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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