Professora cria marca de doces e licores ao resgatar receitas de comunidades quilombolas

Michelle Aparecida da Cruz passou a infância na Comunidade Quilombola Ribeirão Preto, em Guidoval (MG), onde aprendeu as receitas. Com o empreendimento, ela fatura R$ 6 mil por mês. Professora cria marca de doces e licores ao resgatar receitas de comunidades quilombolas
Algumas receitas são cheias de histórias e, além de sabor, trazem memórias. É o caso da marca de doces e licores criada por Michelle Aparecida Cruz.
A empresária, que passou boa parte da infância na Comunidade Quilombola Ribeirão Preto, no município de Guidoval, zona da mata de Minas Gerais, resgatou os preparos para abrir um negócio.
Michelle ainda se lembra dos tempos quando vivia na comunidade, em que a mãe e avó dela cozinhavam juntas.
“Eu ficava perto dela, ao pé do tacho, fogão a lenha, a gente gostava de ver ela fazendo. Ia aprendendo”, lembra.
Outra inspiração para o empreendimento foi o avô de Michelle, que, durante a década 40, produzia e vendia cachaça. Para homenageá-lo, ela criou um licor com o nome dele.
A empresária sabe o valor da história, já que também é professora e dá aula dessa disciplina na rede municipal de São Paulo.
Para tocar o negócio, Michelle conta com ajuda da mãe, na cozinha, e do pai, na produção dos ingredientes. É que boa parte dos produtos vem do quintal dela.
O empreendimento começou por necessidade, para complementar a renda. No início, a empresária não tinha noção de como gerenciar, mas logo pegou o jeito.
Hoje, a marca tem logo, rótulo e embalagem personalizada. E, com mais conhecimento, Michelle já sabe o que fazer para aumentar as vendas.
“Preciso colocar certificações em todos os produtos que eu tenho. Eu tenho uns cinco, com a tabela nutricional.”
Nem sempre uma empresa nasce com tudo estruturado, mas, sabendo buscar conhecimento e apoio, o negócio pode render bons frutos e deixar raízes.
“Eu estou honrando meus ancestrais. Sempre uso essa fala porque, diante da época, eles foram muito longe. Meu bisavô foi muito longe e ele desafiou o tempo, que era um tempo muito recente ali, que tinha acabado um período de escravidão e ele conseguiu se manter com o empreendedorismo.”
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