‘Brilhosas Reunidas’: grupo com 400 mulheres se une por menos assédio e mais segurança na folia


Além de combinarem de curtir blocos de rua e festas juntas, as integrantes do grupo também aproveitam o espaço para trocar experiências, dar dicas de fantasias e fazer alertas. Paula Franco com algumas das ‘Brilhosas’ que reuniu em grupo
Arquivo Pessoal
Mulheres unidas na folia: esse é objetivo do “Brilhosas Reunidas”, grupo que já une cerca de 400 cariocas e algumas turistas de passagem pela cidade.
A iniciativa partiu de uma necessidade percebida por Paula Franco, que tem um perfil no Instagram onde dá dicas de rodas de samba para mais de 15 mil seguidores.
“Tive a ideia após receber alguns comentários e mensagens de mulheres dizendo que gostariam de ir a tal roda de samba ou bloco, porém com receio de irem sozinhas, alegando falta de companhia. Se sentirem seguras em um grupo de mulheres, com a possibilidade de evitarem assédio e dividirem despesas de deslocamento, são outros fatores que contribuíram para o sucesso do grupo”, afirma.
A busca por companhia tem muito a ver com uma busca também por maior segurança e menos assédio. As combinações e conversas são feitas por um grupo de WhatsApp.
Como se calcula a data do carnaval?
Dados do Instituto de Segurança Pública, divulgados em outubro do ano passado, mostraram que o estado do RJ tem o maior número de casos de violência sexual contra mulheres dos últimos nove anos, com muitos casos de importunação sexual e estupros.
Em meio à folia, esses casos tendem a aumentar, segundo especialistas: beijos forçados, toques não autorizados e até casos mais graves de abusos.
“A qualquer horário a mulher se sente insegura. Ainda existem muitos homens que não sabem ouvir um não. Acham que porque a mulher está com um certo modelo de roupa está se oferecendo, principalmente no Carnaval onde queremos estar livres para brincar, curtir a festa”, lamenta Patrícia Souza Santos, uma das integrantes do grupo.
Grupo de mulheres que se conheceu e marcou para se encontrar em bloco
Arquivo Pessoal
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“Andar sozinha hoje no Rio de Janeiro está bem complicado, então nós, mulheres, nos sentimos muito inseguras e acuadas. O grupo é uma forma de nos aproximarmos para estar mais em segurança, é uma forma de sororidade”, acredita Fernanda Brandão de Souza Gomes.
Segundo o último Censo, o Rio de Janeiro é o estado mais feminino do país. Hoje, 52,8% dos fluminenses são mulheres, quase 900 mil mulheres a mais do que homens.
“Pra mim, foi a oportunidade de ir aos blocos acompanhada de mulheres que estão na mesma vibe que a minha e, com toda certeza, com mais segurança. São pessoas totalmente desconhecidas, mas que demonstram preocupação e cuidado umas com as outras em situações de possível perigo. Nos dias em que saí com elas, vi umas olhando pelas outras, querendo saber se chegaram bem, esperando pra curtirmos juntas os blocos. Me senti muito à vontade com as Brilhosas”, festeja Larissa Viana.
Mulheres se reúnem em grupo em busca de companhia e mais segurança para curtir o carnaval
Arquivo Pessoal
Além de servirem de companhia umas para as outras, o grupo também faz alertas sobre dicas de segurança, cuidados com a saúde, informações sobre transporte e dicas sobre fantasias – onde comprar mais barato, como montar um look em casa, como se proteger. Até a roupa a ser usada nos blocos é motivo de preocupação.
“Eu me sinto mais confortável para colocar uma fantasia, por mais simples que seja – uma hotpant, uma meia-calça -, andando em grupo. Eu acho que eu tenho mais medo do assédio, de fazerem uma maldade, do que roubo e essas coisas. Tem gente que não gosta de ouvir não e pode te xingar, pode gerar uma briga. Você, mulher, ali sozinha… Pode apanhar. Não é fácil, somos guerreiras”, diz Gabriela Narcizo.
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