Disco de vinil: gravadoras dos EUA faturam US$ 1 bilhão com vendas em 2024

O mercado de discos de vinil nos Estados Unidos deve encerrar 2024 com faturamento de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões na cotação atual) para as gravadoras. A estimativa é de relatório da Pivotal Economics, elaborado pelo ex-economista-chefe da plataforma de streaming Spotify Will Page.
Esse rendimento supera o da venda de CDs (Compact Disc – foto), formato surgido no fim dos anos 80 como um sucessor dos vinis. De acordo com o relatório, o fenômeno será verificado também em escala global. Os números ratificam que o consumo de vinil voltou a ser uma tendência após queda nas últimas décadas com a chegada de novos formatos e a consolidação do mundo digital.

De acordo com a Associação Americana da Indústria de Gravação (RIAA na sigla em inglês), em 2023 foram vendidas 43 milhões de unidades de vinil nos EUA, seis milhões a mais que a quantidade de CDs.

Ainda segundo o levantamento da RIAA, foi o segundo ano seguido de aquecimento do mercado mundial dos discos de vinil.
O renascimento do vinil tem sido verificado no Brasil também. Artistas da nova geração, que cresceram e entraram no mercado na era das plataformas de streaming de música, têm lançado discos. É o caso, por exemplo, dos cantores Jão e Liniker (foto).

A venda dos “bolachões” – apelido afetivo dos vinis – aumentou nos últimos anos, o que mantém o formato vivo mesmo em um mundo tomado pelos serviços de streaming.
No Reino Unido, 2023 foi o 16º seguido de aumento das vendas de álbuns de vinil, segundo dados da British Phonographic Industry (BPI).
A análise feita pela BPI mostra que novos lançamentos em vinil de artistas como Ed Sheeran, Taylor Swift e Rolling Stones apareceram no topo das vendas, apontando que o consumo não está atrelado somente a álbuns antigos e cultuados.
Quase metade da lista de álbuns de vinil mais vendidos no Reino Unido em 2023 são lançamentos dos últimos dois anos.
Relatório da entidade Pró-Música Brasil divulgado em 21 de março de 2024 apontou crescimento de 136% na venda de vinis no Brasil em 2023. O faturamento total foi de R$ 11 milhões.
No âmbito de formato físico, a venda de vinil superou a de CDs e DVDs, segundo a associação que reúne as maiores gravadoras do Brasil.
Embora represente apenas 0,6% do faturamento da indústria fonográfica brasileira – 87% são oriundos de plataformas de streaming -, os valores mostram um interesse ascendente pelo formato físico.
O disco de vinil como conhecemos atualmente foi desenvolvido em 1930 por um engenheiro húngaro naturalizado americano de nome Peter Carl Goldmark.
O disco com material plástico substituiu o chamado disco de 78 rotações, ou de goma-laca, inventado pelo alemão Ermil Berliner juntamente com o gramofone (toca-discos mecânico).
No Brasil, o vinil chegou apenas no início dos anos 50, duas décadas após o seus surgimento nos Estados Unidos e em países europeus.
Em janeiro de 1951, a gravadora Sinter foi a pioneira no país ao lançar um LP de dez polegadas chamado “Carnaval em ‘long playing’”, reunindo gravações para o Carnaval daquele ano.
Os anos 60 representaram o início da produção dos LPs de 12 polegadas, que tiveram grande impacto cultural.
A retomada do vinil nos últimos anos é atribuída a fatores diversos, como a experiência artística que o formato permite, o apelo visual de capas e encartes, a qualidade sonora e os grupos de colecionadores.
No Brasil há até uma data, 20 de abril, para celebrar o vinil. Ela foi criada em 1978 por colecionadores de discos para homenagear Ataulfo Alves por ocasião dos dez anos da morte do sambista.
Nascido em Miraí, na Zona da Mata mineira, Ataulfo Alves “pertence a uma elite de compositores que fixou o samba como gênero musical”, segundo descrição do “Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira”.
São de autoria do compositor mineiro (à direita na foto) sambas célebres como “Ai que saudades da Amélia” (com Mario Lago) e “Na Cadência do Samba” (com Paulo Gesta).
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