Símbolo da mineiridade, referência e inspiração: amigos e admiradores prestam homenagens no aniversário de Adélia Prado


Escritora e poetisa de Divinópolis, uma das vozes mais marcantes da literatura do país, completa 89 anos nesta sexta-feira (13). Recentemente, foi agraciada com o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis. A escritora Adélia Prado
Raquel Gondim/G1 MG
“Adélia Prado tem o poder de encorajar, inspirar e de nos fazer ver poesia em meio ao caos”.
É assim que uma admiradora define o impacto da obra da poetisa e escritora mineira, que completa 89 anos nesta sexta-feira (13). A escritora vive de forma discreta em Divinópolis, no Centro-Oeste de MG, rodeada por livros, amigos e familiares.
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Adélia trouxe para a literatura a essência da mineiridade vivida em sua cidade natal. Das linhas do trem, que margeavam sua infância, às missas no Santuário de Santo Antônio, ao peixe que era limpo na pia, a autora transformou várias de suas vivências em poesia e prosa.
Ao g1, fãs e amigos próximos relataram, de forma sensível, o que os escritos de Adélia Prado provocam em quem os lê. As respostas demostram saudosismo, fé e reconexão com a simplicidade da vida.
“A poesia de Adélia me faz ver beleza nas coisas simples, me faz sentir ainda mais a presença de Deus no cotidiano. A simplicidade dos textos dela nos leva a ver o sagrado na flor que nasce, no barulho do trem, no preparo do alimento, no olhar de uma criança. Adélia é inspirada pelo Espírito Santo e só quem consegue se desligar das coisas do mundo consegue se envolver em suas palavras”, disse a jornalista Ana Tereza Arruda, admiradora de Adélia.
“Adélia Prado é a nossa poeta maior, é a referência quando o assunto é poesia, tanto em nível de Divinópolis como de Brasil, quiçá do mundo, visto que ela se coloca entre os maiores da atualidade. Quando leio seus poemas, sinto um cheiro de coisas deliciosas feitas pela mamãe, o aconchego do lar, aquela coisa boa que a gente encontra no seio da família. Acrescenta-se a isto a busca e a confiança em Deus, a certeza de que ele é o pastor que nos conduz por verdes pastagens. Que ela tenha um feliz aniversário, com saúde e paz”, relatou o amigo e escritor Augusto Fidélis.
Para o amigo e escritor Flávio Ramos, Adélia tem a marca de profunda religiosidade e a vivência do cotidiano feminino, sem retoques.
“É o dizer da mulher que reza. É uma poesia que transforma a nossa própria condição humana. É como se lêssemos o que o próprio Deus Pai escreveu”, acrescentou.
Reconhecimento e legado
Adélia Prado na FLIP em 13 de agosto de 2006
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Primeira mulher a receber o prêmio Conjunto da Obra pelo Governo de Minas em 2017, Adélia também já foi indicada à Academia Brasileira de Letras. Com impacto que vai além das fronteiras brasileiras, a poetiza é reconhecida como uma das grandes vozes da literatura contemporânea.
Ganhou recentemente os prêmios Camões de Portugal e Machado de Assis 2024. Veja outros prêmios de Adélia Prado:
Jabuti de Literatura (1978);
ABL de Literatura Infantojuvenil (2007);
Literário da Fundação Biblioteca Nacional (2010);
Associação Paulista dos Críticos de Arte (2010);
Clarice Lispector (2016);
Literatura do Governo de Minas Gerais (2017);
Associação de Artistas e Designers de Artes Aplicadas da Sérvia (2018).
Clássicos de Adélia Prado
Entre seus livros mais icônicos estão “Bagagem” (1976) e “O coração disparado” (1978), que lhe rendeu o prêmio Jabuti. A estreia em prosa se deu no ano seguinte, com o livro “Solte os cachorros”. Em seguida, publicou “Cacos para um Vitral”.
Em 1981, lançou “Terra de Santa Cruz” e, em 1984, “Os componentes da banda”. Em 1991 foi publicada sua “Poesia reunida”.
Em 1994, após anos de silêncio poético, ressurgiu com o livro “O homem da mão seca”. Em 1999, foram lançados “Manuscritos de Felipa”, “Oráculos de maio” e sua “Prosa reunida”.
Para os leitores de Adélia, os textos são permeados pela fé católica, pelo cotidiano e pelo olhar feminino.
“Adélia é uma combinação simples e poderosa ao mesmo tempo. Ao longo dos anos conquistou leitores de todas as idades, inclusive a mim, que sou fã há décadas. Vejo Adélia mais do que uma escritora é elo entre o Divino e o humano, entre o extraordinário e o ordinário da vida”, destacou Ana Tereza Arruda.
Quem é Adélia Prado
Adélia Prado nas redes sociais
JN
Nascida em 13 de dezembro de 1935, em Divinópolis, no interior de Minas Gerais, a poeta, professora, romancista Adélia Prado é licenciada em filosofia.
Publicou os seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte. A estreia individual só aconteceu em 1975, quando remeteu para Carlos Drummond de Andrade os originais de seus novos poemas. Impressionado com a escrita de Adélia Prado, Drummond enviou os poemas para a Editora Imago.
Ela foi a primeira mulher premiada na categoria Conjunto da Obra, pela contribuição à literatura brasileira, no concurso Literatura do Governo de Minas, em 2017.
Adélia já foi indicada para a Academia Brasileira de Letras. Em 2001, um grupo de atores e jornalistas do Rio de Janeiro formaram um movimento para lançar o nome dela para ser uma das imortais na vaga deixada por Jorge Amado. Mas, na ocasião, a viúva do escritor baiano Zélia Gattai acabou sendo eleita.
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