Tortura, fraude e violência: guru de comunidade Osho é investigado pela polícia

A investigação identificou práticas de curandeirismoPolícia Civil

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou na última quarta-feira (11) a Operação Namastê na Comunidade Osho Rachana, localizada na zona rural de Viamão, para apurar denúncias de tortura psicológica, violência física e crimes financeiros. A ação ocorreu após relatos de ex-integrantes que apontarampráticas abusivas conduzidas pelo guru da comunidade e outros membros.

De acordo com informações divulgadas pela Polícia Civil, as vítimas relataram episódios de tortura psicológica, violência patrimonial e abusos financeiros.

“As vítimas ouvidas até o momento narraram que sofriam tortura psicológica, violência física e patrimonial, além de crimes financeiros, sempre coagidas pelo líder e alguns outros integrantes da seita que realizavam os tratamentos alternativos no local”, afirmou a corporação em nota oficial.

A investigação identificou práticas de curandeirismo, estelionato e violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Denúncias também indicam que crianças foram expostas às atividades realizadas no espaço, que promovia terapias alternativas, meditações e “imersões bioenergéticas”.

A comunidade, fundada nos anos 1990 por discípulos do líder espiritual indiano Osho, também tinha como característica o incentivo ao “amor livre”.

Durante a operação, computadores, celulares, máquinas de cartão e documentos foram apreendidos. Os materiais recolhidos visam aprofundar a apuração das denúncias, que incluem desvio de recursos financeiros.

Pacotes de imersão, com valores entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, bem como mensalidades e outras atividades, geravam receitas que, segundo a investigação, foram desviadas para viagens de luxo e apostas online.

A Polícia Civil estima que o líder tenha acumulado mais de R$ 20 milhões em desvios, resultando em um prejuízo de cerca de R$ 4 milhões para os integrantes da comunidade.

Guru exigiu empréstimos, diz Polícia Civil

Conforme relatos, após a pandemia, o líder teria exigido que os participantes realizassem empréstimos bancários de alto valor para sustentar a comunidade. Os recursos, no entanto, foram utilizados para fins pessoais.

“Principalmente após a pandemia, o líder exigiu que todos os integrantes fizessem empréstimos bancários de altíssimo valor e entregassem para a comunidade, porém desviou os valores e utilizou em proveito próprio, fazendo viagens luxuosas, investindo em suas empresas e também perdendo um alto valor em apostas online”, detalhou a Polícia Civil.

O líder da comunidade não foi identificado publicamente e ainda não se manifestou sobre as acusações. As investigações continuam em andamento.

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