Bauru registra média de 78 órfãos por ano desde 2021; Covid-19 tem impacto significativo


Em todo o estado de SP, foram 8,6 mil crianças de até 17 anos que perderam pelo menos um dos pais. No Brasil, a média anual é de 44 mil crianças. Bauru registra média de 78 órfãos por ano desde 2021
Carlos Dias/G1
Um levantamento realizado pelos Cartórios de Registro Civil mostrou que 78 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um dos pais anualmente em Bauru (SP).
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No estado de São Paulo, esse número chega a 8,6 mil crianças e jovens por ano, enquanto, no Brasil, a orfandade atinge 44 mil crianças anualmente.
Os números foram obtidos por meio de um cruzamento entre os CPFs registrados nos óbitos e nascimentos, um método que foi viabilizado apenas a partir de 2021, quando a inclusão do CPF dos pais nos registros se tornou obrigatória.
Segundo especialistas, essas estatísticas são fundamentais para embasar políticas públicas voltadas ao acolhimento e suporte dessas crianças.
“A importância fundamental é proporcionar conhecimento sobre uma realidade até então desconhecida da sociedade brasileira e que atinge uma parte da população sensível, que são as crianças e os adolescentes. A disponibilização destes dados contribuirá para que sejam desenvolvidas políticas públicas específicas para atender a esta demanda.” afirma Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.
O estudo fez um recorte de nove causas de mortes. Motivos como acidentes, homicídios e outros tipos de óbito estão considerados na categoria “outras causas”. Veja abaixo os gráficos com “outras causas” e sem a categoria:
Causas das mortes dos pais de órfãos, segundo o levantamento
g1
Impacto da pandemia
O levantamento ainda aponta que a pandemia de Covid-19 desempenhou um papel significativo no aumento da orfandade nos últimos anos.
Em todo o Estado de SP, a doença foi responsável por ao menos 3,689 mil casos diretos desde 2019, além de outros 2, 214 mil mortes relacionados a doenças como insuficiência respiratória e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), totalizando 5,903 mil órfãos no estado apenas pela doença.
Guilherme e Gustavo, hoje com quatro anos, fazem parte desses números. Os gêmeos que moram em Macatuba (SP) nasceram após a mãe sofrer complicações da Covid-19 e morrer durante o pós-parto em 2020.
Filhos gêmeos de grávida que morreu com Covid-19 após parto têm alta do hospital; casal é de Macatuba (SP)
Diego Rodrigues/Arquivo pessoal
Larissa Blanco, que tinha 23 anos, estava com 35 semanas de gestação dos gêmeos Gustavo e Guilherme quando deu à luz em um hospital particular de Botucatu. Diagnosticada com coronavírus, a jovem não conseguiu conter uma hemorragia que teve após complicações no parto.
Cerca de 44 mil crianças ficam órfãs de ao menos um dos pais no Brasil por ano desde 2021, aponta levantamento
Os gêmeos ficaram então, aos cuidados da família paterna, com o pai, Diego Rodrigues. Ao g1, o jovem de 28 anos contou que hoje vive com sua nova esposa que assumiu como segunda mãe dos meninos.
“Apesar de tudo que aconteceu, eu reconstruí minha família. Os meninos agora têm uma nova mãe que dá todo amor e todo carinho”, contou Diego.
Também em entrevista ao g1, no Dia dos Pais do ano passado, Diego contou que foram muitos desafios por conta da ausência da mãe biológica dos meninos, mas que com a ajuda de seus familiares e da atual esposa, se dedica à educação dos filhos.
“Eu olho para trás e vejo tudo o que eu passei e percebo como eu continuo forte e seguindo em frente”, finaliza.
Jovem de Macatuba (SP) celebra terceiro dia dos Pais com filhos gêmeos
Arquivo Pessoal
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