Idosa com problemas para urinar desde outubro espera há 3 meses por diagnóstico no SUS em Campinas


Paciente foi ao Centro de Saúde DIC 3 e só conseguiu agendar consulta para 23 de fevereiro. Aumenta número de atendimento aos idosos em centros de saúde de Campinas
A costureira Luzia Aparecida da Silva Bonfim, de 62 anos, moradora da região do DIC 3, em Campinas (SP), está desde outubro com problemas na hora de urinar e espera pelo diagnóstico e tratamento pelo SUS. Nesta quinta-feira (18), mais uma vez, voltou para casa sem uma resposta.
“Eu estou desde outubro sem urinar. Não urino. Dá aquela vontade, vou no banheiro, mas só pinga”, contou.
A costureira relatou à reportagem da EPTV, afiliada da Globo, que o problema começou em outubro, quando ela fez um exame de urgência. Em dezembro, ela relatou que foi atendida por uma médica, mas o sistema estava fora do ar e não foi possível verificar o resultado exame para chegar a um diagnóstico.
A idosa buscou o resultado em papel e foi ao Centro de Saúde DIC 3 nesta quinta-feira (18) para mostrar à médica, mas diz que não conseguiu e saiu com consulta marcada para 23 de fevereiro, daqui a um mês e cinco dias.
“Cheguei aqui [no posto de saúde] para passar pela triagem e a médica ver meus exames porque ela falou: ‘assim que você pegar [os resultados] você vem urgente’. Cheguei aqui e perdi viagem”, contou.
Segundo a costureira, ela chegou a procurar outras unidades de saúde, como o Hospital Maternidade e o Hospital Ouro Verde, mas foi informada que os tratamentos contínuos são realizados no posto de saúde.
“Consegui marcar de outubro para 23 de fevereiro. Como eu fico até lá? Morre, né?”, lamenta.
Saúde diz que idosa é acompanhada
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas afirmou que a paciente é atendida regularmente pela Equipe de Saúde da Família, apresenta várias questões de saúde, faz uso de medicações e está sendo acompanhada.
“A Pasta também destaca que uma pessoa que passa por grandes períodos sem urinar certamente apresenta outros sintomas graves, sendo inclusive caso de atendimento de urgência e emergência”.
A Saúde confirma que a costureira passou por atendimento médico em outubro, quando vários exames foram solicitados, mas afirma que nesta terça-feira (16) ela faltou a um atendimento agendado e nesta quinta-feira (18) quando a paciente foi chamada, não estava mais presente na unidade.
Sem urinar há 3 meses, idosa reclama da demora no atendimento no SUS de Campinas
Reprodução/EPTV
Inicialmente, informamos que o caso aconteceu no CS DIC 5 de março, já que era assim que os moradores tratavam o local, mas, após aviso da Prefeitura, atualizamos a informação para CS DIC III, nome correto.
Outros casos
Nos centros de saúde DIC 3 e Jardim Fernanda acumulam a reclamações de idosos que dependem do sistema de saúde de Campinas. Desde grosserias no atendimento, passando pela demora na marcação de consultas e exames e até mesmo nas filas de madrugada. Assista na reportagem da EPTV acima.
“Meu marido chegou aqui quatro horas da manhã. Ele tem 64 anos e veio pegar uma senha para mim. Consegui atendimento porque o rapaz ficou com dó de mim. Estou com dois nódulos no rim e sem providência nenhuma”, disse Marina Silva, moradora do São Fernanda.
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Campinas informou que, desde 2021, já contratou 448 médicos para atuar na rede municipal de saúde, entre concursos e programas médicos. Disse ainda que outros 18 profissionais do programa Mais Médicos federal foram autorizados pelo Ministério da Saúde.
“Vale ressaltar ainda que todos os centros de saúde contam com o recurso de teleconsultas (telemedicina) e equipes multidisciplinares para atendimentos de pacientes em todas as faixas etárias”, diz a nota.
Nota na íntegra da Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde de Campinas esclarece que a paciente em questão, entrevistada no CS DIC 3 com queixas urinárias, é atendida regularmente pela Equipe de Saúde da Família e tem o seguinte histórico de atendimentos:
Consulta médica em outubro de 2023, com vários exames solicitados.
Consulta em dezembro para avaliação destes exames
16/1/24 – faltou a um atendimento agendado
18/1/24 – houve coleta de novos exames, a paciente foi chamada para atendimento às 9h48, mas não estava mais presente na unidade
A paciente apresenta várias questões de saúde, faz uso de medicações e está sendo acompanhada.
A Pasta também destaca que uma pessoa que passa por grandes períodos sem urinar certamente apresenta outros sintomas graves, sendo inclusive caso de atendimento de urgência e emergência.
Nota na íntegra da Prefeitura
A cesta de medicamentos padronizados do SUS-Campinas é uma das mais completas do País, com mais de 160 medicamentos. Neste momento apenas 5 estão em falta, sendo um deles o salbutamol, que está com problema de abastecimento em todo o País em razão de dificuldade com a matéria-prima. A falta temporária acontece por diversos motivos, entre eles problemas com fornecedor, com a importação, dificuldade na compra em razão de falta de matéria-prima, entre outros – problemas que também acometem farmácias particulares.
Os pacientes podem consultar no site da Prefeitura, na página da Secretaria de Saúde, os medicamentos disponíveis por unidade, no endereço https://remedios.campinas.sp.gov.br/. Além disso, em caso de falta de estoque, o paciente também pode solicitar ao seu médico a troca da receita por outro tratamento.
MÉDICOS
Desde 2021, foram admitidos 1.228 servidores por meio de concursos, sendo 203 médicos. Outros 54 profissionais de diversos cargos estão em processo de admissão. Além disso, foram admitidos outros 245 médicos, sendo 27 do programa federal Médicos pelo Brasil, 89 do programa federal Mais Médicos e 129 do programa municipal Mais Médicos Campineiro. Outros 18 profissionais do programa Mais Médicos federal foram autorizados pelo Ministério da Saúde.
Vale ressaltar ainda que todos os centros de saúde contam com o recurso de teleconsultas (telemedicina) e equipes multidisciplinares para atendimentos de pacientes em todas as faixas etárias.
ESPECIALIDADES
As consultas para as especialidades são agendadas de acordo com a avaliação das equipes de Saúde da Família e a priorização dos casos é feita por meio de classificação de risco, ou seja, casos mais graves são atendidos antes.
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