Passista que teve braço amputado após cirurgia se emociona ao colocar prótese definitiva: ‘Estou igual a criança com presente novo’


Alessandra dos Santos Silva ganhou o aparelho da direção da Grande Rio, escola onde desfila. Ela não vai usar no desfile das escolas de samba para evitar que o aparelho molhe. Passista que precisou amputar o braço após complicações em cirurgia se emociona ao colocar prótese
A passista da Grande Rio que teve o braço amputado depois de complicações em uma cirurgia buscou na última quarta-feira (7) a prótese que passará a usar. Depois de muitas idas à clínica nos últimos quatro meses, Alessandra dos Santos Silva se emocionou ao colocar o aparelho definitivamente.
“Eu estou igual a criança com presente novo, a adaptação vem aos poucos, mas eu estou me dedicando para conseguir”, disse Alessandra sobre a prótese.
Além de passista, Alessandra trabalhava como trancista. Ela foi internada para a retirada de miomas no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Depois de uma série de complicações, precisou ter o braço amputado.
Desde então, a vida de Alessandra mudou completamente. Ela ficou desempregada, já que precisava das duas mãos para exercer a profissão e acabou abandonando a escola de samba.
Passista que teve braço amputado celebra a colocação definitiva de prótese
Reprodução/ TV Globo
Ela achou que nunca mais voltaria a desfilar, mas o amor pelo carnaval falou mais alto. O carinho da comunidade a emocionou.
“Eu achei que eu não ia mais sambar, que eu ia parar tudo, até saber que a bateria fazer o primeiro ensaio. Quando eu soube que a bateria ia fazer o primeiro ensaio, senti um estalo e eu falei para minha mãe: ‘Vou me arrumar, eu vou voltar para a quadra’. Mas eu fui sem saber se ia voltar de vez, fui para observar a bateria. Eu estava precisando disso. Quando eu vi a surpresa para mim, a comunidade me abraçando, aí eu falei: ‘Minha vida é isso aqui, vou voltar’”, disse Alessandra.
A prótese foi um presente da Grande Rio, escola onde ela desfila.
“Sabemos tudo o que ela passou. Nossa escola fica muito orgulhosa de ter um ser humano como ela e uma grande passista como ela sempre foi. Se Deus quiser, ela estará na avenida com a gente, defendendo nosso enredo com muito orgulho e defendendo a segunda estrela para o nosso pavilhão”, disse Milton Perácio, presidente da Acadêmicos do Grande Rio.
Alessandra nos últimos testes para a colocação da prótese do braço
Reprodução/ TV Globo
A Acadêmicos do Grande Rio será a quarta escola de samba a desfilar no domingo (11) de carnaval. O enredo é “Nosso destino é ser onça” que, guiado pela narrativa do livro do escritor Alberto Mussa, fará uma reflexão sobre a simbologia da onça no cenário artístico-cultural brasileiro, tocando em temas como antropofagia e encantaria.
Antes de colocar a prótese, ela fez os últimos testes para saber se estava tudo bem confortável. Ela abriu e fechou as mãos do aparelho várias vezes. Em cada uma delas, Alessandra se emocionou.
“A sensação que dá é que é a minha mão mesmo. Eu acho muito perfeito. Um presentão”, destacou Alessandra.
Detalhe da mão da prótese usada por Alessandra
Reprodução/ TV Globo
Apesar de já estar usando a prótese no dia a dia, Alessandra não a colocará no desfile na Marquês de Sapucaí. O aparelho ficará parado em casa.
“A prótese não pode molhar, né? Por isso, tem que ter um certo cuidado com ela. Não pode molhar por causa dos eletrodos. Mas, fora isso, posso usá-la no dia a dia, para passear”, contou.
O fisioterapeuta conta que a adaptação não teve problemas.
“A Alessandra foi uma surpresa muito positiva. Desde o primeiro dia ela conseguiu fazer os movimentos e os lugares de colocação dos eletrodos”, disse Jean Cordeiro, fisioterapeuta protesista.
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