‘O que a Neuralink está dizendo já foi feito 20 anos atrás’, diz pesquisador brasileiro pioneiro no estudo da interação do cérebro com as máquinas

Pesquisador Miguel Nicolelis, professor emérito da Universidade Duke, nos Estados Unidos, fez experimentos com macacos e chip cerebral no início do século e vê muito de sua pesquisa no trabalho da Neuralink. ‘O que a Neuralink está dizendo é algo que já foi feito 20 anos atrás’, diz Miguel Nicolelis
O Fantástico deste domingo (4) conversou com especialistas sobre a implantação de chip cerebral da ‘Neuralink’, do bilionário Elon Musk (saiba mais abaixo). O pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis, pioneiro no estudo da interação do cérebro com as máquinas, vê com ceticismo os anúncios do empresário.
Nicolelis é professor emérito da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e já tinha colocado um macaquinho para jogar videogame com o cérebro no início deste século.
“E na realidade existem vários grupos espalhados pelo mundo criando diferentes chips. Nós criamos o nosso que nós usamos até hoje. Então, na realidade, o que a Neuralink está dizendo é algo que já foi feito 20 anos atrás”, ressalta Nicolelis.
A Neuralink tem ligações diretas com Nicolelis. Max Hodak, o primeiro presidente da empresa, fez quatro anos de iniciação científica com o brasileiro na Universidade Duke. Hodak saiu da Neuralink em 2021.
O engenheiro Tim Hanson foi um dos fundadores da Neuralink, depois de concluir o doutorado com Nicolelis. Hanson só trabalhou por dois anos com Elon Musk e saiu da empresa em 2018. E um terceiro nome, o doutor em engenharia biomédica Joseph O’Doherty, passou dez anos na pós-graduação com Nicolelis. O’Doherty ainda trabalha na Neuralink.
Nicolelis ressalta ainda ter reconhecido no trabalho deles ideias que foram elaboradas em seu laboratório.
“Ah, não há menor dúvida, até as demonstrações, até o joguinho do macaco lá que eles fizeram, curiosamente em duas dimensões, quando nós já fazíamos, quando eles estavam no laboratório em três dimensões, há muito tempo em realidade virtual, até as apresentações são cópias muito claras das minhas apresentações. Nenhum deles nunca ligou pra mim. ‘Olha, vamos criar uma empresa’. Nunca. Eu aprendi pela imprensa que essa empresa havia sido criada”, diz o neurocientista.
Como funciona o chip
O chip em si, que contém o processador, tem o tamanho de uma moeda de R$1 e é instalado na parede interna do crânio por um neurocirurgião.
O que entra mesmo no cérebro são 64 filamentos, mais finos que um fio de cabelo, bem flexíveis, com 16 eletrodos cada. Os filamentos são inseridos no cérebro por um robô-cirurgião da Neuralink.
Esses filamentos captam os sinais do cérebro numa quantidade dez vezes maior do que equipamentos utilizados até agora e mandam tudo para o chip.
Entretanto, ainda não se sabe exatamente qual seria a aplicação desse chip cerebral nos trabalhos da Neuralink. Isso porque a empresa só revela o que seu dono, Elon Musk, compartilha no X (antigo Twitter), rede social que também é dele.
Com isso, seria possível converter um pensamento, que está no cérebro, em uma ação concreta, como mover um braço mecânico, um esqueleto externo, jogar videogame ou se comunicar de alguma maneira.
Mesmo com todos os segredos da Neuralink, especialistas deduzem que o implante de chip no ser humano deve ter relação com a área cerebral que controla os movimentos, dada a natureza de voluntários que a empresa procura: pessoas que ficaram tetraplégicas devido à lesão na coluna ou que tenham esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa.
Veja a reportagem completa abaixo:
Chip no cérebro anunciado por Elon Musk é marketing ou inovação?
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