Incêndios destroem mais de 40 mil hectares no Pantanal: ‘2024 não vai ser fácil’, diz tenente


Só em janeiro, Inpe registrou mais 310 focos de incêndio no Pantanal. Chamas na Serra do Amolar, região mais preservada do bioma, avança pelo sexto dia consecutivo. Em apenas um mês, Pantanal registra dois grandes incêndios
Pantanal de Mato Grosso do Sul registrou dois grandes incêndios ao longo da última semana que, juntos, destruíram mais de 40 mil hectares do bioma. Apenas no mês de janeiro, imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram mais 310 focos de incêndio no Pantanal, número bem maior que os 21 focos registrados no mesmo período de 2023. Veja o vídeo acima.
De acordo com a tenente-coronel Tatiane Inoue, a situação é alarmante porque o mês de janeiro é quando o Pantanal começa a alagar, com a ajuda das chuvas de verão. O fogo geralmente atinge o bioma nos períodos de seca, principalmente entre os meses de setembro e novembro.
“Nós nem estamos no período de estiagem e as nossas guarnições já estão atuando em dois grandes incêndios. Essas condições atmosféricas são severas. Em Corumbá é um sol para cada um, o que dificulta ainda mais a vida do nosso combatente, que já tem a dificuldade de acessar aquele terreno. Em Miranda extinguimos aquele incêndio, porém durante a semana a fumaça ficou naquela região. Então, 2024 não vai ser fácil e a nossa responsabilidade é proteger os nossos biomas”, disse Tatiane.
Militares atuam no combate aos focos de incêndio na Serra do Amolar
Divulgação
Em Miranda, as chamas começaram em uma fazenda, próximo da região urbana, e consumiu cerca de 30 mil hectares de terra. Equipe do Corpo de Bombeiros iniciou as operações na noite de terça-feira (30) e precisou da ajuda de três tratores e 10 funcionários da fazenda para controlar o fogo.
Em Corumbá, o incêndio afetou uma das regiões mais preservadas do Pantanal, a Serra do Amolar. As morrarias e vegetação alagada dificultaram o deslocamento rápido da equipe, que leva mais de 5 horas para atingir parte do incêndio. Por lá, o fogo ainda não foi controlado.
LEIA TAMBÉM:
Serras de até mil metros, vegetação densa e área alagada: como é o local afetado pelo fogo no Pantanal
Serra do Amolar: instituto alerta para queimada após produtor rural usar fogo para abrir pastagem para gado
Fogo consome área maior que mil campos de futebol de santuário da biodiversidade no Pantanal; vídeo
Corpo de Bombeiros sobrevoa Serra do Amolar, no Pantanal
Serra do Amolar: No sistema Pantanal em Alerta foram identificados 19 focos de calor na quinta-feira (1º). Conforme apurado pela reportagem, a área destruída pelo fogo já soma cerca de 2,4 mil hectares na Serra do Amolar.
A chuva rápida que foi registrada em alguns pontos na região na quinta não foi suficiente para conter o incêndio que já dura seis dias. Combatentes atuam na abertura de aceiros para evitar que as chamas avancem em direção a uma área de reflorestamento com 25 mil mudas plantadas, em 2023.
Combate: Equipes que atuam no combate ao fogo ganharam reforço de um avião Air-Tractor ontem. O modelo tem capacidade de transportar até 3 mil litros de água para áreas de difícil acesso. Veja vídeo no início da matéria.
Focos de calor na Serra do Amolar
Divulgação
Por ser um dos locais mais preservados do Pantanal, só é possível acessar a Serra do Amolar de barco ou helicóptero. No entanto, o acesso pelo rio está interrompido por causa de camalotes e baceiros (vegetação flutuante que se aglomeram e criam pequenas ilhas ao longo do rio Paraguai).
A aeronave é do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e foi usado na manhã de quinta pelo Corpo de Bombeiros para um voo de reconhecimento na região. A partir do sobrevoo, os militares vão definir quais locais mais críticos que precisam receber o lançamento de água.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
Adicionar aos favoritos o Link permanente.