Polícia Civil abre inquérito para investigar crime de intolerância religiosa em Santa Rita do Sapucaí, MG


Grupo de umbanda foi atacado nas redes sociais após participar da missa e coroação de Nossa Senhora de Lourdes no Santuário de Santa Rita de Cássia. Polícia Civil investiga ataques a grupo de Umbanda em missa no Sul de Minas
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar uma denúncia de intolerância religiosa em Santa Rita do Sapucaí (MG). Um grupo de umbanda foi atacado nas redes sociais após participar da missa e coroação de Nossa Senhora de Lourdes no Santuário de Santa Rita de Cássia.
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A celebração aconteceu no último dia 13 de maio, Dia Nacional de Combate a Denúncias contra o racismo. A missa foi celebrada pelo padre Omar Aparecido Siqueira, que é reitor do santuário.
Durante a celebração, após mais ou menos uma hora de missa, o padre convidou a Associação José do Patrocínio, uma associação de cultura negra e os membros do terreiro “Omolokô” para participar da celebração e coroação da imagem de Nossa Senhora de Lourdes.
O vídeo da missa e o momento de participação do grupo começou a viralizar nas redes com ataques e ofensas ao ato do padre e participação do grupo de umbanda na celebração, que foi chamada de abominação. Também foi criado um abaixo-assinado virtual pedindo o imediato afastamento do padre.
Polícia Civil abre inquérito para investigar crime de intolerância religiosa em Santa Rita do Sapucaí
Reprodução EPTV
A Polícia Civil informou que serão apuradas as condutas das pessoas que passaram a tecer comentários ofensivos e preconceituosos, tanto em relação à religião/crença da umbanda, como em relação aos frequentadores da religião.
Os crimes podem caracterizar intolerância religiosa, prevista no artigo 208 do código penal, com penas que podem chegar a um ano de detenção ou mesmo crime de racismo religioso, cuja pena pode chegar a cinco anos de reclusão.
“E justamente nesta semana que nós estamos procurando viver a semana da unidade dos cristãos, portanto a igreja precisa estar aberta a todos os cristãos, foi isso que a paróquia fez, ela não fez nada de novo, muito pelo contrário, ela está vivendo a sua missão de acolher e graças a Deus que acolheu e acolheu tão bem que respeitou a fé daquelas pessoas, respeitou a cultura, a tradição e a fé, e respeitou inclusive colocando em prática a palavra de Jesus, somos todos irmãos e colocando também em prática o apelo do Papa Francisco, que disse para a multidão dos jovens na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, a Igreja é para todos, é essa Igreja que acolhe, está de portas abertas, é o que aconteceu em Santa Rita do Sapucaí”, disse o arcebispo da Arquidiocese de Pouso Alegre, Dom José Luiz Majella Delgado.
A presidência da Associação José do Patrocínio disse que a associação existe para preservar a cultura negra e que não foi a primeira vez que atos ecumênicos assim ocorrem na igreja. Disse também que a participação na missa foi exatamente para preservar essa tradição.
O padre que recebeu os ataques foi procurado pela produção da EPTV Sul de Minas, Afiliada Rede Globo, mas preferiu não se manifestar.
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