Enfermeira é indiciada após deixar 9 pacientes deformadas em procedimentos estéticos, diz polícia


Marcilane da Silva Espíndola foi indiciada por lesão corporal, injúria, estelionato e exercício ilegal da medicina. Defesa da enfermeira disse que ainda não foi notificada para poder se posicionar. Enfermeira Marcilane da Silva Espíndola, investigada após pacientes ficarem com rostos deformados depois de procedimentos estéticos
Divulgação/Polícia Civil
A enfermeira Marcilane da Silva Espíndola, que era investigada por deixar pacientes deformadas durante procedimentos estéticos em Aparecida de Goiânia, foi indiciada pelos crimes. Segundo a Polícia Civil, foram identificadas nove vítimas que tiveram lesões físicas após os procedimentos.
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Ao g1, o advogado de Marcilane, Caio Fernandes, explicou que aguarda a notificação sobre o indiciamento e a denúncia do caso para poder se posicionar.
A Polícia Civil detalhou que, após Marcilane realizar procedimentos como harmonização facial, botox, up glúteos e outros, ela foi indiciada em todos os nove inquéritos pelos seguintes crimes:
lesão corporal leve;
lesão corporal grave (incapacidade para as atividades habituais);
lesão corporal gravíssima (deformidade permanente);
injúria;
estelionato;
exercício ilegal da medicina.
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Investigação
Polícia Civil (PC) cumpriu mandados de busca e apreensão contra a enfermeira
Divulgação/Polícia Civil
O caso começou a ser investigado no final do mês de julho de 2023 após três pacientes ficarem com os rostos deformados depois de realizarem procedimentos em uma clínica de estética. A Polícia Civil (PC) deflagrou a Operação Salus para investigar o caso e os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na clínica de estética da enfermeira.
Após as investigações iniciais, a polícia representou pela concessão de medidas cautelares que resultaram no cumprimento de buscas, bloqueio de bens e valores da enfermeira e a suspensão do exercício de atividades.
Segundo a polícia, ao todo, os nove inquéritos policiais totalizaram 1.467 páginas, com elementos como termos de declaração, depoimentos de testemunhas, perícias da Polícia Técnico Científica e outros.
Pacientes deformadas
Quase todas as pacientes que procuraram a polícia foram atendidas em uma clínica odontológica, em Aparecida de Goiânia, onde a enfermeira começou a fazer os primeiros procedimentos. Segundo a polícia, depois disso, ela alugou uma casa, no Setor Oeste, em Goiânia, para ter um espaço próprio.
Uma reclamação unânime entre as pacientes lesionadas, é que elas não receberam nenhum tipo de assistência da suspeita após as complicações, mesmo tendo procurado a profissional. Em troca de mensagens com uma delas, Marcilane diz: “Você tem que aguardar. Você não entende, que não sou eu, é seu organismo. O que tinha pra ser feito, já foi feito”.
Conversa entre profissional (branco) e paciente (verde), que denunciou ter ficado com o rosto deformado após procedimento em Aparecida de Goiânia
Reprodução/PCGO
Uma das vítimas contou à ainda que Marcilane disse que “não perderia o sono” por causa do problema dela. Na época, a defesa de Marcilane definiu a operação como “drástica”, pois, segundo o advogado, a profissional sempre colaborou com as investigações. Além disso, explicou que todos os pacientes tiveram problemas após os procedimentos devido descrumprirem as orientações do pós-operatório.
Sem formação na área
Marcilane é enfermeira, mas nas redes sociais afirmava ser pós-graduada em dermatologia estética, dando a entender que possuía qualificação para atuar no ramo. Na internet, ela anunciava procedimentos como: preenchimento labial, no nariz, lipo de papada, bronzeamento e até cursos ensinando as técnicas. Mas, em depoimento à polícia, ela admitiu que não concluiu o curso.
“Ela falou que não completou uma matéria [do curso de pós-gradução]. Ou seja, ela não é formada ainda na especialização estética e, acredito eu, que sequer poderia fazer determinados procedimentos”, avalia a delegada.
Quando as investigações iniciaram, o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) informou ao g1 que instaurou um Processo Ético Disciplinar para apuração da conduta da profissional. Com o indiciamento, a reportagem solicitou um novo posicionamento ao conselho por e-mail, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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