Região de Piracicaba registra redução de 22,3% no número de policiais civis em seis anos

Idoso relata que teve sua casa furtada há três anos e até hoje o caso não teve solução. Diretor do Deinter-9 garante que a região receberá reforço de quase 200 profissionais. Polícia Civil perde 20% do efetivo em seis anos nas regiões de Campinas e Piracicaba
Com perda de mais de 260 policiais civis, a região de Piracicaba (SP) registrou baixa de 22,3% no efetivo das delegacias da área de cobertura do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter-9) nos últimos seis anos.
De acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), para os 52 municípios que abrangem o Deinter-9 na região de Piracicaba, havia 1.183 policiais em 2018. O número de profissionais caiu para 919 em 2024. E, em 2022, o efetivo era ainda menor, com 986 policiais nas delegacias.
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O Deinter-9 compreende 121 delegacias. Sendo assim, se considerado o total de profissionais disponíveis na região de Piracicaba, dá uma média de 7,5 policiais por unidade.
O trabalho da Polícia Civil reflete também nos primeiros passos da atuação no Judiciário porque, depois dele, as informações são enviadas para o Ministério Público, por exemplo, para a Justiça.
Segundo análise do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo, cerca de 35% do efetivo já podem se aposentar. Isso indica que a categoria poderá perder mais profissionais do efetivo.
De acordo com o sindicato que representa a categoria, o período entre a publicação de um edital de contratação até o policial estar, de fato, nas ruas é de de um ano, pelo menos.
“Nesse período, outros policiais se aposentam. A Academia de Polícia não dá conta de formar profissionais de forma suficiente. Aí, fica parecendo sempre esse ‘enxugar de gelo'”, aponta.
Reflexos no andamento das investigações
Um idoso ouvido pela EPTV, afiliada da TV Globo, relatou que há três anos teve sua casa furtada e até hoje não houve uma solução.
“Eu saí de manhã, minha mulher saiu atrás de mim com o carro dela e quando nós chegamos aqui, 10h30, já estava tudo assaltado, televisão, roupa, joia dela, uma série de coisas”, conta.
Segundo ele, a polícia levou meses para fazer contato com ele e pedir informações sobre o caso.
“[Ligou] perguntando se eu achei alguma coisa, se eu conhecia a pessoa, falei que até veio pessoas fazer um serviço na televisão aqui, foi depois disso. Então, eu acho que foram eles e a polícia até agora não achou nada […] Até hoje sem solução nenhuma. Os meus pertences foram, e eu precisei comprar”.
Para ele, deveria haver mais efetivo na segurança pública.
“Eu acho que precisa agilizar um pouquinho, mais guarda, mais policiamento […] Faltou a investigação da própria polícia, de ir atrás”.
Advogado cita caso tramitando desde 2020
Advogado criminalista, Leonardo Mariano afirma que o déficit de policiais civis em Piracicaba acarreta em dificuldades na solução de crimes.
“E esse déficit, é importante frisar, que ele versa não só em relação a delegados de polícia, mas também em investigadores de polícia e escrivães de polícia. E o que isso acarreta? Com a baixa escassez do número de investigadores, não se consegue, por vezes, intimar as pessoas e até saber quem realmente é o autor do delito. E com baixo número de escrivães, não se consegue o inquérito policial”.
Ele relata sobre um caso no qual atua e que tramita desde 2020 sem que tenha se chegado ao autor do crime. “Por quê? Justamente pela falta de investigadores de polícia. As ordens de serviço começam a acumular e o delito que acontece hoje, ele vai literalmente para o fim da fila”.
O advogado também aponta que no caso de clientes presos, o atraso na conclusão do inquérito policial também afeta sua situação.
“A gente quer uma celeridade maior na consecução do inquérito para saber o quê? Se aquele cliente vai ter direito a eventualmente uma liberdade provisória ou não. E para, justamente, ter a prova indiciária que é produzida no inquérito policial, para postular perante o magistrado por uma soltura ou até por uma absolvição”.
Diretor do Deinter garante reforço de efetivo
Diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 9 (Deinter 9), Kleber Altale afirmou, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, que apesar do déficit de efetivo, os policiais na ativa têm se desdobrado para que todos os casos sejam investigados.
Ele também afirmou que, por meio de concurso público, devem chegar quase 200 policiais civis à área do Deinter-9 nos próximos meses.
Altale ainda garantiu que todas vagas abertas serão preenchidas e serão realizados concursos anualmente para que o quadro siga completo.

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