Laboratório da Ufla recebe certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada


Autorização para funcionamento da Anvisa saiu em 2023, mas agora o laboratório foi certificado para fazer manipulações mais avançadas e melhorias na planta a para a produção de compostos. Ufla é a única certificada do país para pesquisa in vitro de cannabis medicinal
O laboratório da Universidade Federal de Lavras (Ufla) é o único do país com certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada. A autorização para funcionamento da Anvisa saiu em 2023, mas agora o laboratório foi certificado para fazer manipulações mais avançadas e melhorias na planta a para a produção de compostos.
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O canabidiol é um produto químico não psicoativo extraído da planta cannabis sativa. Os medicamentos que utilizam o produto como princípio ativo tratam doenças neurodegenerativas e psiquiátricas, agindo nos receptores.
O Miguel, de 6 anos, faz uma série de tratamentos para o autismo. Além das brincadeiras, ele usa o medicamento à base de canabidiol há 6 meses. A mãe dele comemora os resultados.
“A gente percebeu que ele está mais tranquilo, também ele está mais concentrado nas atividades, nas terapias que ele sempre faz, então a gente tem visto que tem tido bons resultados, sim”, contou a servidora pública Pauline Freira Pimenta.
Laboratório da Ufla recebe certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada
Reprodução EPTV
No Brasil, 18 produtos diferentes são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, e comercializados em farmácias. Este que o Miguel usa custa cerca de R$ 600 e o diagnóstico correto possibilitou a indicação do produto.
“Não é para todo tipo de paciente. Normalmente a gente usa para casos mais graves. E normalmente ele pode ser utilizado como adjuvante, ou seja, junto com outras medicações. Então é uma medicação que tem contribuído muito para melhorar o prognóstico tanto do ponto de vista de melhora de crise, quanto também de melhora de comportamento agressivo nas populações com autismo”, explicou o neuropediatra Natanael Mota.
E fica em Lavras, no Sul de Minas, o único laboratório do país com certificação para projetos em vitro de canabis medicinal geneticamente modificada. Isso significa mais pesquisas e avanços nesta área para todo o Brasil.
“A autorização da Anvisa veio em 2023 e agora esse ano nós recebemos o CQB, o CQB é o Certificado de Qualidade e Biossegurança que nos permite fazer outras manipulações, fazer melhorias na planta para a produção do composto. Então, é um grande avanço, é difícil conseguir essa autorização e é difícil conseguir as duas autorizações ao mesmo tempo. Isso que nós temos de diferencial”, disse a coordenadora do laboratório, Vanessa Stein.
O laboratório contribui para a padronização da produção, o que garante qualidade e segurança aos medicamentos derivados da cannabis. Este é um passo importante da medicina, que vai trazer não só o acesso aos tratamentos, mas também a informação.
Laboratório da Ufla recebe certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada
Reprodução EPTV
“É um grande avanço, é um grande marco. O Brasil ainda tem muita dificuldade em fazer pesquisas mais aprofundadas, principalmente sobre a planta, devido à sua ilegalidade de cultivo. E nós temos a possibilidade de fazer agora pesquisas bem aprofundadas, que podem levar a modificar as substâncias que chegam para a população”, disse a coordenadora Vanessa Stein.
“Quanto mais pesquisa pudermos fazer sobre o cannabidiol e quanto mais pudermos desenvolver, não só sobre o cannabidiol, mas outros canabinoides, outros subprodutos disso, nós poderemos ter muito mais produtos para ser ofertados para a população”, completou o neuropediatra Natanael Mota.
Este tipo de pesquisa só pode ser feita em um laboratório que segue rigorosamente as regras de biossegurança, além de ser certificado. Na Ufla, o espaço é o começo de um longo trabalho.
“Aqui nós cultivamos as células, o material vegetal, fazemos a extração e a análise. Depois, essas substâncias são enviadas para o professor Fernando Ferrari, que é o nosso farmacêutico, e ele faz os testes pré-clínicos, os testes em laboratório com modelos animais. A partir desses resultados, esses estratos vão, se obtivermos resultados positivos, essas pesquisas vão para clínica, vão para a equipe de Ribeirão Preto, e aí começa a ser pesquisa em seres humanos”, explicou Vanessa.
E enquanto as pesquisas seguem avançando, crianças como Miguel podem ter mais esperança. A concentração no quebra-cabeças é também um olhar para o futuro, que vai trazer mais alegria para toda a família.
“Para a gente é super importante, para a gente que tem crianças que tem alguma síndrome ou algum transtorno, essas pesquisas elas são essenciais porque são os medicamentos, os estudos que trazem mais esperança para a gente, para que a gente consiga um tratamento, uma evolução melhor na vida, na qualidade de vida dos nossos filhos, Então, para a gente é essencial”, completou a servidora pública Pauline Freire.
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