PF prende dois suspeitos de ameaçar testemunha do caso de desvios de medicamentos destinados ao povo Yanomami


Mandados foram expedidos pela quarta Vara da Justiça Federal em Roraima. Testemunha era ameaçada tanto por meio de mensagens quanto presencialmente. Medicamentos para a saúde Yanomami encontrados jogados em casa abandonada em Boa Vista
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Federal prendeu nessa segunda-feira (4) dois suspeitos de intimidarem uma testemunha do caso de desvio de medicamentos destinados ao povo Yanomami. Os mandados começaram a ser cumpridos no domingo (3) e foram expedidos pela quarta Vara da Justiça Federal em Roraima.
A testemunha era ameaçada por mensagem e pessoalmente pelo dono de um caminhão que integrava o esquema e um comparsa. Eles ameaçaram a vítima presencialmente e por mensagem.
As investigações sobre o caso iniciaram quando vários remédios foram encontrados em uma casa abandonada e jogados até dentro de uma fossa no bairro São Francisco, na zona Norte da capital, em janeiro deste ano. No mês seguinte, um servidor comissionado da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) foi preso por suspeita de participar do esquema de desvio.
Ele era o proprietário do imóvel onde as medicações foram encontradas. Além disso, as investigações indicaram que outros medicamentos foram queimados na chácara do servidor, no Cantá, interior de Roraima.
Após as ações, uma testemunha que colaborou com a PF sobre os fatos passou a ser intimidada por um dos suspeitos de participar do esquema. Um caminhão de sua propriedade teria sido utilizado para transportar os medicamentos.
Durante buscas em fevereiro, foram encontrados documentos relacionados a empresas de fachada que seriam utilizadas para simular origem e destino de valores dentro do caminhão. A testemunha teria presenciado a contratação de um pistoleiro, por este suspeito, que viria de Rondônia para prestar apoio ao grupo.
O dono do caminhão e um comparsa foram presos preventivamente após passarem a ameaçar a testemunha, tanto por meio de mensagens quanto presencialmente.
As buscas realizadas no âmbito do inquérito policial encontraram indícios do envolvimento de pessoas relacionadas à Secretaria de Saúde de Roraima também investigadas em outros inquéritos que apuram crimes como fraude em licitação e corrupção. As investigações seguem em andamento.
A PF suspeita que os remédios foram escondidos na casa abandonada após segunda fase da Operação Yoasi, deflagrada em outubro do ano passado. A Operação Yoasi investiga um esquema de desvio de recursos públicos federais do Dsei-Y envolvendo agentes públicos e empresários.
Medicamentos desviados
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Os remédios encontrados estavam dentro de sacos de lixo, caixas, jogados até dentro de uma fossa e havia indícios de que seriam queimados. A PF foi acionada e abriu investigação. Os remédios eram destinados aos indígenas da Terra Yanomami.
Os medicamentos eram endereçados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) — órgão do Ministério da Saúde (MS) responsável pela saúde indígena Yanomami.
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A suspeita é de que a maioria dos medicamentos estavam vencidos desde 2021, quando a Terra Indígena Yanomami já enfrentava crise na saúde. A falta de medicamentos foi alvo duas vezes de operação da Polícia Federal.
Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária. Desde o dia 20 de janeiro de 2023, há um ano, a região está em emergência de saúde pública.
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