Infecção e lesão na boca: biólogo alerta riscos após mulher morder cobra depois de ser picada em SC


Vigilante de creche relatou agiu em meio ao desespero. Caso aconteceu em Jaraguá do Sul e ela chegou a ser internada em estado grave, mas recebeu alta. Vigilante mostra cobra-coral que a picou no dedão em creche de SC
Em meio ao desespero após ser picada por uma cobra-coral verdadeira – uma das serpentes mais venenosas do Brasil – a vigilante de uma creche de Jaraguá do Sul, no Norte de Santa Catarina, mordeu o animal. A ideia era tentar matá-la e evitar que o réptil ferisse as crianças no local.
Apesar da boa intenção, a ação poderia trazer ainda mais consequências à saúde da mulher, que chegou a ser internada em estado grave, mas recebeu alta. A picada ocorreu porque a vigilante pisou sem querer na serpente. Como a mulher estava de chinelo, a cobra a atingiu no dedão.
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O biólogo Cristian Rampek, da Fundação Jaraguaense do Meio Ambiente (Fujama), explicou que o ato da vigilante poderia resultar em uma ação da cobra em picar a boca dela ou também de uma infecção bacteriana.
“Poderia acontecer algo muito mais sério. Como a coral acabar mordendo a região da boca, ou até mesmo ela pegando uma bactéria bem complicada. Uma picada da coral não dói no local, mas ela se precaveu e foi até o posto em saúde de bicicleta”.
A espécie é uma das serpentes mais peçonhentas do território brasileiro. A coral-verdadeira tem um veneno de alta toxicidade que afeta diretamente o sistema nervoso.
“Independente de onde tu tiver, tomou uma picada de algum animal que tu não sabe o que é, liga para os bombeiros, tá? Vai, procura ajuda, porque pode ser um animal peçonhento, como não peçonhento, mas a pessoa não tem obrigação de saber. Se for vão te encaminhar para tomar o soro antiofídico, que realmente funciona para picada de serpente”, alertou.
Vigilante mostra cobra-coral-verdadeira que a picou em creche de SC
Arquivo pessoal
O que aconteceu
O acidente ocorreu na manhã de sexta-feira (7), enquanto ela abria a porta para a chegada dos professores. Antes de morder a cobra, ela tentou atingir o animal com britas e com a bicicleta. Sem efeito, acabou mordendo a serpente no desespero.
“Ela estava correndo para dentro da creche. Fiquei com medo de ela se esconder onde as crianças brincam e elas levarem uma picada”, relatou a vigilante à NSC. A mulher pediu para não ser identificada.
Depois de matar a cobra, a mulher foi de bicicleta até o posto de saúde. Ela foi picada no dedão do pé e registrou um vídeo do animal.
Ela relatou que já estava com a visão turva e com náusea. Neste meio tempo, a saturação dela baixou e o maxilar ficou rígido. Ela precisou ser entubada, mas a rigidez deixou a manobra mais difícil. Foi necessário chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhá-la ao hospital.
A vigilante foi encaminhada para um hospital, recebeu alta, mas ainda assim, a mulher teve sequelas como câimbras, espasmos musculares e dificuldade na fala.
Além disso, matar animais da fauna silvestre, entre eles as cobras, é proibido por lei e configura crime ambiental.
O que fazer em caso de picada?
Caso seja picado por uma cobra, não se deve amarrar o local. O torniquete pode aumentar o risco de necrosar o local e resultar até em amputação;
não se deve cortar o local, fazer perfurações ou sucção;
o local da picada deve ser lavado com água e sabão;
a vítima deve ser levada o mais rápido possível ao hospital;
é importante tentar identificar a serpente (pode ser por foto, se possível) pois isso facilitará para escolha do soro antiofídico a ser aplicado.
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