Quati, espécie que ‘furtou’ pacote de batatas em praia de Florianópolis, foi inserido na ilha por caçadores; entenda


Falta de predadores naturais e abundância de comida faz com que haja descontrole da população desse animal na Ilha do Campeche. Quati ‘furta’ pacote de batatas de turista na Ilha do Campeche, em Florianópolis
A espécie do quati que levou um pacote de batatas de um turista na Ilha do Campeche, em Florianópolis, na semana passada, não é nativa do local. Esses animais foram introduzidos no lugar por caçadores, conforme o geógrafo Aracidio de Freitas Barbosa Neto.
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Na semana passada, um quati foi flagrado em vídeo levando um pacote de batatas de um turista (veja acima). O animal aparece nas imagens farejando na areia. Em seguida, ele segura o saco com as patas, puxa o objeto de cima da mesa e carrega com a boca. Os turistas tentam encurralar o animal, mas ele consegue correr e fugir com o pacote.
Quati ‘furta’ pacote de batatas de turista na Ilha do Campeche, em Florianópolis
Reprodução
Introduzidos por caçadores
A espécie, de nome científico Nasua nasua, não é natural da Ilha do Campeche, explicou o geógrafo.
“Foram inseridos alguns animais no período do clube de caça, na década de 1940. O destaque é o quati, que perdura até os dias atuais”.
Na Ilha do Campeche, o quati é visto nas regiões de restinga próximas à praia e no interior da mata. No entanto, segundo o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), não é possível precisar a quantidade de animais que vivem atualmente no local.
“Pela falta de predadores naturais e oferta abundante de comida, o descontrole populacional da espécie é evidente. Estima-se que a densidade da população de quatis na Ilha seja quase o dobro da população em áreas continentais, onde a espécie é nativa”, pontuou o órgão.
O Iphan relatou a mudança nos hábitos do quati devido ao contato com os visitantes. Como os turistas passaram a alimentá-lo, o animal deixou de caçar e buscar alimento na mata, e passou a pedir ou levar comida dos visitantes. Algo que traz consequências ao meio ambiente.
“Dar comida aos quatis favorece o aumento populacional, que desequilibra ainda mais o frágil ecossistema e provoca situações de estresse no animal, ocasionando constantes disputas por território e alimento”, complementou o instituto.
Recomendação é não alimentar animais silvestres
Animais silvestres, como o quati, podem ficar acostumados ao ser humano e, inclusive, ver as pessoas como fonte de alimento, caso sejam habituados a receber comida delas. A orientação da Polícia Militar Ambiental, portanto, é não alimentar esses animais.
O biólogo Christian Raboch explicou como eles ficam acostumados às pessoas. “O quati, assim como os primatas, macaco-prego, sagui, são animais que, se as pessoas ficam dando alimento, esses animais começam a ser humanizados. Então, quando eles veem o ser humano, eles acham que o ser humano é fonte de alimento. E aí, chegam para pegar uma banana, chegam para pegar um salgadinho, uma pipoca”.
“Sendo quati, sendo macaco-prego, eles vão encontrar na natureza um tipo de alimentação. E, a partir do momento que o ser humano começa a ofertar esse tipo de alimento industrializado, eles começam a ter problema de saúde, começam a aumentar a gordura, eles começam a ficar mais letárgicos, mais parados, fora as outras complicações que podem acabar causando”, explicou o biólogo.
Inclusive, doenças podem passar de pessoas para os animais. “Um exemplo bem danoso é, por exemplo, a herpes. Para o ser humano, pode dar uma feridinha na boca ou uma feridinha em outra parte do corpo. A herpes para o macaco-prego acaba dizimando, acaba matando. Então, às vezes a pessoa com herpes está comendo uma banana, dá uma mordida e depois oferece para o macaco. O macaco pegou herpes, para ele é letal, acaba matando o macaco”.
A interação com animais silvestres também pode ser prejudicial às pessoas, conforme o biólogo. “O bicho está acostumado ao ser humano, ver o ser humano como fonte de alimento E, muitas vezes, vai chegar perto, vai roubar o alimento”.
“Tem casos, por exemplo, que pega o celular, pega a bolsa da pessoa e leva embora. Fora que às vezes as pessoas querem pegar de volta e esse animal pode acabar se defendendo É um animal silvestre, a partir do momento que ele está acuado, com medo, ele pode acabar arranhando, pode acabar mordendo ou até mesmo transmitindo uma doença para o ser humano”, completou o biólogo.
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