Em ato, mãe de menino morto por bala perdida desabafa: ‘Demonstrem mais porque não sabe no minuto seguinte o que vai acontecer’


Protesto foi feito pela Rio de Paz com famílias na Praia de Copacabana. Fotos das vítimas, a maioria morta por bala perdida, foram espalhadas nesta quarta-feira (18) na areia. ONG Rio de Paz fez manifestação pra chamar atenção sobre violência contra crianças no Rio
A mãe do jovem João Vitor Moreira dos Santos, que tinha 14 anos quando morreu por uma bala perdida na cabeça em 2020, participou do protesto da Rio de Paz em homenagem à vítimas da violência e cobrança por ações das autoridades na redução da letalidade, nesta quarta-feira (18) na Praia de Copacabana.
Em entrevista ao RJ1, Vanessa Freitas desabafou:
“Hoje eu queria estar saindo de casa para apresentação na escola ou para ir numa formatura do meu filho, mas tive que sair para homenagear porque hoje ele faz parte de uma estatística tão violenta. Isso não pode ser uma coisa natural”.
“As pessoas não podem olhar para isso e achar que está tudo bem, o meu filho era uma criança tão feliz e morreu com uma bala na cabeça. O que eu quero dizer é: amem mais, demonstrem mais porque não sabe no minuto seguinte o que vai acontecer”, completa ela.
Uma faixa estendida pela organização cobra governos federal e estadual de como será Natal das famílias das vítimas.
A faixa foi estendida próxima às fotos das vítimas mortas em operações policiais ou em troca de tiros entre criminosos espalhadas na areia. Há casos também de execução, algumas envolvendo agentes do estado.
Uma árvore de Natal com bolas com cruzes foi colocada entre as imagens. As fotos são de vítimas que morreram entre 2020 e 2024. Parentes colocaram rosas ao lado das fotos de cada vítima.
ONG Rio de Paz faz ato por crianças e jovens mortos pela violência
Reprodução/TV Globo
O ato tem como objetivo cobrar dos governos federal e estadual projetos de segurança pública, além de questionar as metas para a redução de homicídios.
A ONG ressalta que é preciso criar ações de combate ao tráfico de armas e munição no Rio de Janeiro.
O Rio de Paz acompanha desde 2007 o assassinato de crianças e adolescentes no Rio. Em quase duas décadas, já são 115 casos.
Na Lagoa Rodrigo de Freitas, a ONG mantém um mural em memória das crianças mortas por balas perdidas.
48 vítimas entre 2020 e 2024
Segundo a ONG, entre 2020 e 2024, foram 48 vítimas, com idades entre 7 meses a 14 anos que morreram baleadas. Desse total, 37 foram mortas por balas perdidas e os outros casos foram execuções em várias circunstâncias. As famílias das vítimas foram convidadas a participar do ato.
Quase 50 crianças foram mortas por bala perdida entre 2020 e 2024 no estado do Rio de Janeiro, de acordo com a Rio de Paz.
“Qual nação livre e desenvolvida conseguiria conviver com uma estatística como essa? Estamos perante um escândalo, fruto da insistência em políticas de segurança pública catastróficas, caracterizadas pela tentativa de fazer sempre as mesmas coisas na expectativa irracional de colher resultados diferentes”, afirma o fundador da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.
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