VÍDEO: mãe e filha são acusadas de furto em supermercado e denunciam racismo; ‘É porque eu sou preta?’

Caso ocorreu no domingo (22), no Mix Mateus de Areias, Zona Oeste do Recife. Supermercado disse que caso está sendo avaliado internamente. Clientes são acusadas de furto em supermercado e denunciam racismo: ‘É porque sou preta?’
Duas mulheres negras denunciaram ter sido vítimas de racismo e calúnia ao fazerem compras no supermercado Mix Mateus, no bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. Ao g1, Vitória da Silva Albuquerque disse que ela e a mãe foram acusadas por uma funcionária de tentar furtar uma fralda e um pacote de lenços umedecidos (veja vídeo acima).
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Os produtos, que estavam num carrinho com o filho de Vitória, de 1 ano e dois meses, não tinham sido retirados da loja. O caso aconteceu no domingo (21) e foi denunciado à Polícia Civil.
Segundo Vitória, a funcionária afirmou que as duas não sairiam do local sem apresentar a nota fiscal das mercadorias, que são de uso pessoal da criança. Nesse momento, a jovem de 22 anos disse que começou a filmar a discussão.
As imagens mostram a mãe de Vitória, Osania da Silva, discutindo com dois funcionários, um homem e uma mulher. Num determinado momento, Vitória, que estava filmando, solicitou que verificassem as gravações das câmeras de segurança do estabelecimento.
“É porque eu sou preta, é?”, questiona Osania no fim do vídeo.
Segundo Vitória, as duas estavam no caixa e já tinham passado as compras. Na hora de pagar, começou a confusão.
“Foi na hora em que essa moça colocou a mão dentro do carro do bebê, tirou os lencinhos que estavam dentro e disse que eu estava escondendo e que tinha furtado. […] Me senti muito constrangida. Eu já tinha passado minha feira quando ela fez esse escândalo ‘todinho'”, contou Vitória, que também trabalha como operadora de caixa.
Procurado pelo g1, o Grupo Matheus disse que o caso está sendo avaliado internamente e ressaltou que a empresa “não compactua com comportamentos preconceituosos de qualquer natureza”.
O g1 também entrou em contato com a Polícia Civil para saber de que forma o caso está sendo investigado, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
“Ela acusou de roubo na frente de todo mundo, na frente dos caixas, dos clientes. Ela não abordou da forma certa. Porque o certo é você chamar num canto, perguntar se tinha sido dali… Ela já chegou metendo a mão dentro do carro e falando para todo mundo que a gente tinha roubado: ‘Você roubou e eu exijo a nota fiscal’. Mas, no momento, eu não tinha a nota fiscal”, relatou Vitória.
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De acordo com a vítima, depois de quase meia hora de discussão, o funcionário, que já tinha se afastado do local minutos antes, voltou ao caixa onde estavam as clientes e as chamou para uma sala.
“Chegou um senhor, que não estava com crachá. Não consegui identificar se era o gerente da loja, mas ele não deu nenhum apoio, não pediu desculpas nem nada. A única desculpa que ele deu era de que a loja não fazia isso e que aquela moça era de outra loja”, afirmou Vitória.
Na segunda-feira (22), Vitória registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Afogados, também na Zona Oeste do Recife. No documento, o caso foi registrado apenas como calúnia.
O advogado que representa mãe e filha, Kleber Freire, disse que encaminhou uma notícia-crime à delegacia pedindo que a denúncia fosse enquadrada como constrangimento ilegal, com base na Lei do Racismo. Além disso, ele afirmou que entrou na Justiça com um processo por danos morais.
“É um crime contra a honra. Calúnia é você dizer que alguém cometeu uma conduta que é um crime. Se você diz que uma pessoa furtou e ela não fez isso, você está fazendo uma calúnia. […] À medida que elas eram impedidas de sair até que exibissem uma nota fiscal, foi cerceado o direito delas de ir e vir. Houve também constrangimento ilegal. […] Se a autoridade entender que aquela conduta criminosa está revestida de preconceito, ele pode caracterizar na Lei de Racismo”, declarou o advogado.
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