Multidão recebe o papa em visita histórica à ilha francesa de Córsega

O papa Francisco em Ajaccio, na ilha francesa de Córsega, em 15 de dezembro de 2024TIZIANA FABI

Tiziana FABI

O papa Francisco foi recebido por uma multidão na Córsega neste domingo, na primeira visita de um pontífice a esta ilha francesa do Mediterrâneo.

Uma semana depois da pomposa reabertura de Notre Dame de Paris, à qual não compareceu, o papa chegou a Ajaccio para uma visita de algumas horas.

O argentino, em cadeira de rodas, ainda com um hematoma no rosto devido a uma queda ao levantar-se da cama há poucos dias, foi recebido no aeroporto pelo ministro do Interior, Bruno Retailleau, e um pequeno grupo de crianças locais.

Nas ruas de Ajaccio, principal cidade desta ilha mediterrânica de 350 mil habitantes e 80% católicos, segundo o Vaticano, cerca de 12 mil fiéis, segundo as autoridades, acompanharam o passeio de Francisco em seu papamóvel.

Karine Nicolaï, 50 anos, acordou às 4h da manhã para pegar o trem. “É fantástico, realmente, ele nunca havia vindo para a Córsega! […] É histórico!”, disse à AFPTV.

O pontífice, prestes a completar 88 anos, participou do encerramento do congresso sobre “Religiosidade popular no Mediterrâneo”, onde defendeu “um conceito de secularismo que não seja estático e rígido, mas evolutivo e dinâmico”.

Um secularismo “capaz de se adaptar a situações diversas ou inesperadas e de promover a colaboração constante entre as autoridades civis e eclesiásticas para o bem de toda a comunidade, cada uma permanecendo dentro dos limites dos seus próprios poderes e espaço”, disse aos líderes religiosos e teólogos.

– “Atitudes excludentes” –

O jesuíta alertou ainda para o “risco” de que “a piedade popular seja utilizada ou instrumentalizada por grupos que procuram fortalecer sua própria identidade de forma controversa, alimentando individualismos, antagonismos e posições ou atitudes excludentes”, em uma mensagem que pode ter sido dirigida aos nacionalistas da Córsega.

Um novo movimento nacionalista de extrema direita na ilha, o Mossa Palatina, defende “a supremacia do catolicismo” e garante que “a Córsega nunca será Lampedusa”, ilha italiana onde chegam milhares de migrantes através do Mediterrâneo.

O discurso é totalmente oposto ao do papa, que sempre se manifestou a favor do acolhimento dos refugiados.

A agenda do papa prevê uma missa ao ar livre para cerca de 9.000 pessoas. Francisco pegará o avião de volta à Santa Sé por volta das 18h locais, segundo o Vaticano, após se reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron, no aeroporto.

O pontífice foi convidado a Córsega pelo cardeal franco-espanhol François-Xavier Bustillo, bispo de Ajaccio.

O papa “em breve completará 88 anos e tem problemas de mobilidade, mas a cabeça e o espírito estão aí”, disse Bustillo recentemente à AFP sobre a visita do pontífice.

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