PF faz buscas em condomínio de luxo no interior de SP por suspeito de comprar cafeína para produzir cocaína


Homem não foi encontrado em endereços de Rifaina (SP) e Ribeirão Preto (SP), e é considerado foragido. Investigação aponta que ele integrava grupo que movimentou R$ 60 milhões em 5 anos com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. PF faz operação para combater tráfico de drogas em Ribeirão Preto
A Polícia Federal fez buscas nesta quinta-feira (12) em um condomínio de luxo de Rifaina (SP) e em endereços na zona Sul de Ribeirão Preto (SP) na tentativa de prender um suspeito de comprar cafeína ilegalmente para aumentar a produção de cocaína.
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As buscas ocorreram no âmbito da Operação “Herege”, que é um desdobramento da Operação “Car Wash”, deflagrada inicialmente em novembro de 2023, quando outros 16 suspeitos de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro foram presos.
As investigações apontam que o grupo movimentou R$ 60 milhões nos últimos cinco anos e produziu 26 toneladas de cocaína “batizada” (veja abaixo detalhes).
Nesta quinta, apesar das buscas, o suspeito não havia sido localizado até a publicação desta reportagem e é considerado foragido. A identidade dele não foi divulgada. Além disso, foram apreendidos celulares, computadores e documentos em Ribeirão e Rifaina.
O delegado da Polícia Federal de Ribeirão Preto, Marcellus Henrique de Araújo, explicou que o investigado desta quinta-feira comprava a cafeína do dono de uma loja de suplementos alimentares em São João da Boa Vista (SP) para repassar aos traficantes. Esse empresário já havia sido alvo nas primeiras fases da operação “Car Wash”.
“A parte que vinha até o fornecedor da cafeína, o responsável por manter contato com ele até fazer os alinhamentos necessários com esse que repassava aos traficantes eram pessoas que viviam em locais mais nobres de Ribeirão Preto. A partir do momento em que eles estabeleciam um elo e faziam chegar [a droga] aos traficantes, daí você já ia para o lado mais periférico de Ribeirão Preto”, completou.
Ainda de acordo com o delegado, com a cafeína, o grupo conseguia triplicar o volume da droga.
“Promover o aumento do volume desse entorpecente que era adquirido para vender uma quantidade maior. O que a gente estimou é que, com a cafeína, ele fazia, a cada 1 kg de cocaína, gerava 3 kg, podendo ser até mais”, destacou.
PF fez buscas em condomínio de luxo de Rifaina, SP, por suspeito de comprar cafeína para produzir cocaína
Reprodução/EPTV
Operação ‘Car Wash’
Em novembro de 2023, 16 pessoas já tinham sido presas, na primeira fase da operação “Car Wash”, realizada pela Polícia Federal, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Militar.
Na ocasião, também houve apreensões de documentos, armas, dinheiro e R$ 7 milhões em carros encontrados com os investigados em meio a 21 mandados de busca e apreensão. Em São João da Boa Vista, onde uma loja de suplementos alimentares tinha um depósito, os policiais apreenderam 6,2 toneladas de cafeína.
A força-tarefa também obteve o bloqueio, o sequestro e a apreensão de bens e valores dos investigados.
Já em janeiro deste ano, a Polícia Federal prendeu mais dois suspeitos de integrar a quadrilha, sendo um em Ribeirão Preto e outro, em São João da Boa Vista.
O grupo deve responder por associação para o tráfico, tráfico de drogas, vendas de medicamentos sem licença, porte de arma e lavagem de dinheiro.
Suspeitos presos na Operação Car Wash em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Como funcionava o esquema
Após meses de investigação, os agentes apontaram que o grupo movimentou R$ 60 milhões nos últimos cinco anos e produziu 26 toneladas de cocaína ‘batizada’ destinada exclusivamente à região de Ribeirão Preto. De acordo com o Gaeco, a cafeína foi adotada por ser imperceptível ao usuário final da droga. A substância é encontrada em analgésicos e estimulantes, por exemplo.
O esquema funcionava da seguinte forma:
Um empresário, dono de uma loja de suplementos alimentares em São João da Boa Vista (SP), se valia do negócio legalizado para a compra da cafeína.
Ao todo, foram compradas 8 toneladas do produto para misturar à cocaína.
A cafeína era distribuída aos traficantes, que a acrescentavam à pasta base de cocaína e assim conseguiam aumentar a margem de lucro.
O dinheiro obtido pela quadrilha era utilizado em um esquema de lavagem, envolvendo a compra e a venda de carros de luxo esportivos, avaliados de R$ 800 mil a R$ 1 milhão cada.
A investigação apontou três frentes de atuação da quadrilha: os fornecedores, que desviavam a substância para os traficantes locais; os financiadores, responsáveis por custear parte da operação de compra da cafeína por meio da negociação dos veículos; e os traficantes, responsáveis pela venda dos entorpecentes.
Com o dinheiro obtido com o esquema, os fornecedores e os financiadores bancavam uma vida de luxo, com casas em condomínios fechados de alto padrão e carros luxuosos.
A droga tinha como destino usuários na região, e não o tráfico internacional.
Operação “Car Wash” apreendeu automóveis e efetivou prisões contra esquema que envolvia desvio de cafeína para produção de cocaína no interior de São Paulo
Reprodução/EPTV
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