Brasil tem 1,5 milhão de pessoas vivendo em casas de taipa sem revestimento ou madeira reaproveitada, aponta IBGE


Número é 58% menor do que o registrado no Censo de 2010, quando aproximadamente 3,7 milhões de pessoas habitavam domicílios feitos desses materiais. Casa de taipa na zona rural de Glória do Goitá (PE)
Reprodução/TV Globo
Cerca de 1,5 milhão de pessoas no Brasil vivem em casas com paredes feitas de materiais como taipa sem revestimento ou madeira reaproveitada de tapumes, embalagens e andaimes, de acordo com novos dados do Censo 2022 divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número representa 0,77% de toda a população brasileira vivendo em domicílios feitos com materiais considerados precários e que podem oferecer algum risco aos moradores. São mais de 495 mil domicílios nessa situação.
Entre os materiais utilizados nesses domicílios estão taipa sem revestimento (0,55%), madeiras aproveitadas de tapumes, embalagens e andaimes (0,13%).
O número de pessoas vivendo nesse tipo de domicílio é 58% menor do que o registrado no Censo de 2010, quando aproximadamente 3,7 milhões de pessoas habitavam esses domicílios.
Domicílios construídos com alvenaria ou taipa revestida continuam sendo predominantes no país, totalizando cerca de 63,7 milhões de habitações, o que representa 87% da população vivendo em domicílios feitos com estes materiais.
Em segundo lugar, estão os domicílios de alvenaria sem revestimento, com 5,2 milhões de unidades. As moradias feitas com madeira própria para construção somam 2,7 milhões de domicílios. Outros materiais, como palha e contêineres, somam 324 mil domicílios.

Casas de taipa
Segundo a Fundação João Pinheiro, instituição pública de pesquisa voltada a dados demográficos e sociais, materiais como taipa sem revestimento e madeira reaproveitada são considerados precários e caracterizam domicílios rústicos. Esses tipos de habitação oferecem desconforto e aumentam o risco de contaminação por doenças devido às suas condições.
De acordo com a instituição, paredes de taipa, feitas de barro, são estruturas inseguras e podem desabar sob chuvas intensas ou ventos fortes. Além dos riscos estruturais, essas construções também ameaçam a saúde dos moradores. A deterioração do barro cria buracos que se tornam abrigo para o barbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas.
No Brasil, 1,2 milhão de pessoas vive em casas construídas com taipa sem revestimento. Em nove municípios, 25% da população vive nessa situação, oito deles estão no Maranhão.
Construções feitas com madeira reaproveitada também oferecem riscos. A maioria dessas habitações está localizada nos estados de São Paulo, com 2,1 milhões de unidades, e Rio Grande do Sul, com 1,2 milhão.
“Por não ser uma madeira especifica para construção, isso é um indicativo de precariedade, uma vulnerabilidade do domicílio”, explica o pesquisador do IBGE, Bruno Mandelli Perez.
A Bahia é o estado com o maior número de domicílios construídos com outros tipos de materiais, como palha e contêineres totalizando quase 63 mil habitações.
Domicílios sem paredes
Outro dado divulgado pela pesquisa é o número de domicílios sem paredes, encontrados principalmente em terras indígenas. Ao todo, são 1.256 habitações.
A maioria desses domicílios (323) está localizada no Amazonas, mas também podem ser encontrados em Rondônia, Acre, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

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