Dono de oficina de Goiás contratada para customizar BMW onde jovens morreram em SC reforça à polícia que terceirizou serviços, diz defesa


Perícia catarinense concluiu que quatro jovens morreram devido à intoxicação causada por monóxido de carbono. Advogado alegou que modificação do escapamento requer aparelho de solda que oficina de customização não possui. BMW onde corpos foram achados em parada cardiorrespiratório em SC
Felipe Salles/NSC TV
O dono de uma oficina mecânica de Aparecida de Goiânia, investigado pela Polícia Civil de Santa Catarina por suspeita de modificar uma BMW que causou a morte de quatro jovens por intoxicação em Balneário Camboriú (SC), reforçou em depoimento à polícia que terceirizou o serviço de modificação do escapamento. Ao g1, o advogado de defesa alegou que o local faz apenas serviços como lavagem, micropintura e aplicação de película.
“Serviços mais específicos de customização são feitos por empresas terceirizadas, no caso em tela, foi feito por uma empresa terceirizada. Na estética automotiva não tem nem a parede de solda ou elevador para subir o carro”, disse o advogado.
“Essa parte de escapamento não é feita na empresa”, completou.
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O advogado não soube informar o nome da empresa terceirizada para que o g1 pudesse pedir um posicionamento.
O depoimento foi prestado virtualmente na segunda-feira (22). A oficina em questão foi inaugurada há 11 anos e atualmente está instalada na Vila Brasília. De acordo com o advogado, funcionários sempre passam as orientações de uso aos proprietários dos veículos após os serviços prestados.
Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, a BMW passou por outras customizações além da que foi feita em Aparecida de Goiânia. Elas teriam sido feitas em Minas Gerais.
Conforme a investigação, o vazamento só teria acontecido porque a BMW passou por três customizações, sendo uma delas na oficina de Aparecida de Goiânia, entre o escapamento e o catalisador (que funciona como um filtro), com o intuito de aumentar o barulho de ronco do motor.
Infográfico mostra possível falha em escapamento de carro onde 4 foram encontrados desacordados
Arte/g1
“A partir dos depoimentos conseguimos identificar que esse veículo passou por algumas customizações, não foi apenas uma. Em julho ele faz a segunda modificação, em uma oficina da cidade de Aparecida de Goiânia, onde foi realizada essa modificação do escapamento, trocando a parte do catalisador por um downpipe, assim como realizando outras modificações no escapamento”, afirmou o delegado do caso, Vicente Soares.
O advogado alegou que a modificação do escapamento requer um aparelho de solda que a oficina de customização não possui.
A intoxicação
Vídeo mostra possível falha em BMW que teria causado intoxicação e morte de 4 pessoas
As mortes aconteceram no dia 1º de janeiro, em Balneário Camboriú. Os jovens foram encontrados desmaiados na BMW, estacionada dentro da rodoviária da cidade. Eles chegaram a ser socorridos, mas as mortes foram confirmadas ainda no local.
As vítimas são: Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos; Karla Aparecida dos Santos, de 19; Tiago de Lima Ribeiro, de 21; e Nicolas Kovaleski, de 16.
Na sexta-feira (12), as forças de segurança de Santa Catarina fizeram uma coletiva para dar algumas explicações do caso. Uma das confirmações, obtidas com os resultados de laudos da perícia, foi que os quatro jovens morreram por conta de uma intoxicação causada por monóxido de carbono.
A suspeita é de que houve um vazamento do gás tóxico dentro do veículo e, como ele não tem cheiro, as vítimas inalaram até morrerem.
O monóxido de carbono deveria sair pelo escapamento do carro, mas segundo acredita a polícia, por conta das modificações, o gás não conseguiu sair completamente, ficando preso dentro do veículo.
A perita criminal Bruna de Souza Boff chegou a explicar que, quando o carro estava em movimento, o gás tóxico ficava em concentração menor, pois entrava em contato com o oxigênio, pelo vento.
Mas, nesse caso, os jovens estavam dentro do carro estacionado, com o veículo ligado, e o monóxido de carbono ficou circulando no ambiente fechado.
“O problema da intoxicação é quando a gente tem ambientes fechados, confinados, em que o monóxido de carbono atinge uma concentração superior a do oxigênio […] O resultado que a gente obteve de três das vítimas foi acima de 50% de saturação de monóxido de carbono e na outra entre 49 e 50%, o que é praticamente a mesma coisa. Normalmente, esse índice acima de 40% já causa morte”, afirmou.
Primeiro depoimento
O dono da oficina mecânica de Aparecida de Goiânia já prestou depoimento à Polícia Civil de Santa Catarina no início das investigações. Naquela época, ele estava na condição de testemunha.
Na coletiva de imprensa, o delegado afirmou que, neste primeiro depoimento, o homem afirmou que o downpipe foi desenvolvido dentro da oficina, ao invés de ter sido adquirido de uma indústria.
“Foi realizada a oitiva do proprietário dessa oficina. Ele relatou que esse downpipe, que eles manufaturam esse downpipe na própria oficina, eles constroem esse downpipe. Não foi um downpipe comprado em uma indústria, em uma fábrica, como existem. Existem downpipes feitos em indústrias. Esse era de certa forma caseiro e ele foi instalado”, afirmou o delegado.
A defesa do dono da empresa nega a informação, dizendo que tanto a confecção da peça como a montagem foram realizadas por uma empresa terceirizada.
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