‘Temos que fazer a COP ficar POP’, diz Alok sobre show inédito com drones e pirâmide gigantesca; saiba tudo o que rolou em Belém


Show gratuito de um dos DJs mais ouvidos no mundo atraiu multidão para o Estádio do Mangueirão, marcando a contagem regressiva para a conferência mundial sobre as mudanças climáticas, que será na capital paraense em 2025. Show do DJ Alok em Belém: artista diz que ‘COP tem que ser POP’.
Eder Júnior
Três horas e meia de muitas luzes, som, pirotecnia, fogos de artifício, misturando música eletrônica às raízes amazônicas da música paraense, com direito até a remix inédito de “Voando pro Pará”, hit de Joelma. O DJ Alok inovou com show gratuito em Belém, neste sábado (23), ao unir palco em formato de pirâmide de LEDs na altura de um prédio de dez andares a um espetáculo inédito com dezenas de drones que, juntos, formavam desenhos no ar.
Uma das mensagens fazia menção à conferência mundial das mudanças climáticas, que será na capital paraense daqui a um ano – a COP-30. O show marca a contagem regressiva para o evento da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Essa COP no Brasil será a mais importante da história, então a gente traz tudo isso nesse show para chamar a atenção do Brasil, e do mundo, para a consciência do que está acontecendo aqui em Belém, que vai ser o centro do mundo no debate climático. Por isso, a gente tem que fazer a COP ficar POP”, disse durante coletiva de imprensa, antes de subir ao palco.
Alok revelou que o set foi pensado especificamente para o público paraense. O show estava marcado para 21h, mas começou por volta das 22h10. A organização estima que aproximadamente 200 mil pessoas foram ao show. O governo ainda não havia divulgado número oficial até a manhã deste domingo.
Nas primeiras batidas eletrônicas, a multidão já ecoava um coro típico das festas de aparelhagem paraenses: “endoida c******”. A empolgação das pessoas fez com que Alok gravasse um take para um videoclipe oficial da faixa atual de trabalho, “Looking for Love”, parceria com Anitta. Outro ponto do show também foi uma homenagem à Marília Mendonça.
Depois disso, o artista convidado pelo governo para ser o embaixador da COP-30 começa a entrar ainda mais na onda do “rock doido” paraense ao introduzir no show alguns artistas da terra.
O primeiro foi Pinduca, rei do carimbó, que subiu por volta das 23h30. Com um chapéu colorido, numa apresentação dançante, Pinduca mostrou vigor ao entoar os clássicos do cancioneiro paraense, incluindo o tema das aprovações nas universidades em comemorações no estado, “Marchinha do Vestibular”
Em seguida, Alok faz um mix de hits do tecnobrega que agitam festas das periferias paraenses. Uma mistura de explosão sonora com luzes, fogos de artifício e fumaça, inspirada em aparelhagens como o Crocodilo e SuperPop Live. A sequência foi pensada com ajuda do DJ paraense Elielson.
“Para mim é uma honra poder de alguma uma maneira compartilhar essa mega pirâmide com artistas locais para mostrar essas vozes não só para Brasil, mas para o mundo”, afirmou.
Potência da periferia
Às 23h50, quem surge com um look todo prateado, com uma estrutura giratória por trás da cabeça, é a vencedora do Grammy Latino, Gaby Amarantos, que lançou as músicas do projeto Tecnoshow no streaming, ressignificando a forma de consumo da música periférica no Pará. O público sabia todas as letras de cor e a apresentação foi um dos pontos altos da noite.
“Viva a música da periferia de Belém do Pará. Cidade da maior cena cultural do Brasil e do mundo. Alok, muito obrigado ‘maninho’ por emprestar teu talento, tua luz pra dar toda essa visibilidade. É lindo ver o protagonismo dos artistas dessa terra”, disse em alto tom ao fim da participação.
Divas do Pará
Voz de uma das parcerias recentes de sucesso a nível nacional, com Pabllo Vittar, surge no palco a aposta da música paraense Zaynara – nome que vem despontando como revelação.
A música que abre a apresentação, “Sou do Norte”, evidencia as raízes da jovem cantora, que estava acompanhada de dançarinos em uma performance enérgica e cheia de elementos pop e amazônidas, como no look.
Outro nome que desponta a nível nacional já é veterana no Pará e apareceu no Mangueirão por volta de 0h – Viviane Batidão.
A cantora deu um gosto do que é o verdadeiro “rock doido” paraense, em uma performance explosiva, cheia de coreografias e comandando a agitação do público, dizendo “olha bem pra mim, amor”.
Pra fechar as participações paraenses, Alok chamou ao palco a icônica Joelma, com um visual fazendo referência ao estado.
A cantora, em excelente forma, jogou o cabelo loiro, fez as coreografias sem perder o fôlego – tudo o que já se espera dessa grande artista conhecida Brasil e mundo afora.
Música que cura
Uma equipe de operadores de drone se uniram à festa. Dezenas dessas pequenas aeronaves luminosas subiram formando desenhos no ar, incluindo uma imensa árvore no meio da pirâmide.
O espetáculo deixou o público boquiaberto pela grandiosidade. Junto disso, veio a mensagem sobre a COP-30 em Belém. Para falar de sustentabilidade e chamar atenção para a crise climática que o mundo enfrenta atualmente, Alok convocou indígenas para fazerem parte do show.
A apresentação dos indígenas incluía a língua tradicional, o que tornou ainda mais emocionante a participação. “O contato com a cultura indígena vem depois de um momento em que mergulhei numa depressão, e eles faziam música para curar, enquanto o meu sucesso estava baseado em paradas de sucessos e números. Foi quando eu vi que precisava preencher um vazio existencial e esse trabalho deu tão certo que acabou nos levando para sermos indicados ao Grammy”, contou.
“A gente mostrou no Grammy, um evento em que não se vê indígenas, que aquele tapete poderia ser vermelho de urucum e verde de floresta. Essa foi a intenção também por trás desse show em Belém”, afirmou a indígena, Célia Xakriabá, ativista do povo Xakriabá em Minas Gerais.
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