AIEA prestes a votar resolução que condena o programa nuclear do Irã

A bandeira do Irã hasteada em frente à sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 20 de novembro de 2024 em VienaJOE KLAMAR

Joe Klamar

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) analisa, nesta quinta-feira (21), uma resolução apresentada por países europeus e pelos Estados Unidos que condena o Irã pela sua falta de cooperação em questões nucleares, com o risco de uma resposta imediata de Teerã.

A votação dos 35 Estados-membros do Conselho de Governadores da AIEA, reunidos na sede da organização em Viena, acontecerá à noite, segundo fontes diplomáticas consultadas pela AFP.

Os países ocidentais apresentaram, após uma primeira advertência em junho, um novo texto, que destaca a falta de progressos nos últimos meses.

O documento, elaborado por Alemanha, França e Reino Unido (E3) e pelos Estados Unidos, lembra ao Irã as suas “obrigações legais” sob o Tratado de Não Proliferação (TNP) ratificado em 1970.

“É essencial e urgente” que o Irã dê “respostas técnicas credíveis” sobre a presença de restos de urânio inexplicáveis em dois locais não declarados perto de Teerã, Turquzabad e Varamin, escrevem os autores da resolução, consultada pela AFP.

Os signatários exigem da AIEA “um relatório completo” sobre esta disputa até a primavera boreal de 2025.

– “Divergências” –

Desde 2021, o Irã restringiu significativamente a sua cooperação com a agência nuclear da ONU, desligando câmeras de vigilância e retirando o acesso de inspetores experientes.

Teerã nega categoricamente que pretenda desenvolver armas atômicas, mas o seu programa nuclear não para de crescer, causando preocupação na comunidade internacional.

Desta vez, a resolução surge em um contexto particular, com uma brecha entre a posição ocidental e a do chefe da AIEA, o argentino Rafael Grossi.

A apresentação da iniciativa, de caráter simbólico, ocorre logo após uma visita de Grossi ao Irã, que concordou em iniciar os preparativos para travar a expansão das suas reservas de urânio altamente enriquecido.

“É um passo concreto na direção certa”, insistiu Grossi na quarta-feira, sinalizando que acontece “pela primeira vez” desde que Teerã se retirou dos compromissos estabelecidos no acordo assinado em 2015 em Viena.

Este pacto previa o alívio das sanções internacionais contra Teerã em troca de o Irã dar garantias de que não pretende desenvolver armas atômicas. Porém, foi paralisado em 2018, quando o então presidente americano, Donald Trump, retirou unilateralmente o seu país do acordo e restabeleceu as sanções contra o Irã.

Em retaliação, Teerã aumentou significativamente o seu arsenal de materiais enriquecidos e elevou o limite para 60%, perto dos 90% necessários para fabricar uma arma atômica.

O acordo, que tentou ser reativado em negociações malsucedidas em 2022, limitou essa taxa a 3,67%.

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