Casos de importunação sexual no transporte público de Campinas triplicam em 1 ano


Metrópole registrou 30 boletins de ocorrência que se enquadram no artigo 215-A do Código Penal em 2023. No ano anterior, os registros totalizaram 10. Casos de importunação sexual no transporte público crescem em Campinas
Unplash/Melanie Wasser
Os casos de importunação sexual no transporte coletivo e em pontos de ônibus tiveram um crescimento de 200% em Campinas (SP) entre 2022 e 2023, segundo dados obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, via Lei de Acesso à Informação.
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📊 Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), a metrópole registrou 30 boletins de ocorrência que se enquadram no artigo 215-A do Código Penal em 2023. No ano anterior, os registros totalizaram 10. Veja na tabela abaixo.
O levantamento considera casos que aconteceram em terminais, estações, rodovias, estradas e vias públicas. A lei que tornou crime a importunação sexual completa seis anos em setembro de 2024, e a pena é de 1 a 5 anos de reclusão.
O que é?
Segundo o Código Penal, importunação sexual é “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”.
➡️ Ou seja, é praticar qualquer ato de cunho sexual sem o consentimento da vítima.
O crime de importunação sexual pode ser denunciado em qualquer delegacia, mas o mais indicado são as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs). Ana Carolina Bacchi, delegada da DDM de Campinas, destaca que o registro é essencial para que o crime seja investigado.
“É importante registrar para que a polícia possa agir. A partir do momento em que ela registra a ocorrência que será investigado. Acho que esse aumento também é um reflexo dessa coragem da mulher. Além do conhecimento da lei, o reflexo da coragem da mulher em registrar e procurar ajuda para isso”, afirma.
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Trauma
Em entrevista à EPTV, uma vítima de importunação sexual, que preferiu não ser identificada, falou sobre o trauma deixado pelo crime. O caso aconteceu na linha 130, que percorre o caminho em direção ao Terminal Vida Nova.
“Um indivíduo entrou no mesmo ponto que eu, ficou o tempo todo atrás de mim, eu estava sentindo uma pressão, mas pelo fato de o ônibus estar lotado, achei que era por conta de ter muitas pessoas no ônibus. Passado um determinado tempo, eu senti alguma coisa escorrendo pelas minhas pernas e achei que era suor, algo do tipo, não imaginava que era o que realmente estava acontecendo”, relembra.
A mulher afirma que a situação deixou traumas com os quais lida até hoje, o que faz com que ela enfrente dificuldades para andar de ônibus no dia a dia. “Estou fazendo tratamento psicológico, passando com psicólogo, para poder tentar tirar esse trauma de mim, porque foram marcas que infelizmente ficaram e eu vou ter que saber lidar com elas”.
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