Helicóptero desaparecido em SP: saiba quais são as principais pistas na operação de buscas pela aeronave


Helicóptero que deixou São Paulo com destino a Ilhabela está desaparecido desde o dia 31 de dezembro. Quatro pessoas estavam na aeronave. Buscas continuam. Helicóptero que desapareceu com 4 pessoas a caminho do Litoral Norte de SP.
André de Sousa
As buscas pelo helicóptero com quatro pessoas a bordo que desapareceu durante um voo que partiu do Campo de Marte, em São Paulo (SP), com destino à Ilhabela, no litoral norte paulista entram no 11º dia nesta quinta-feira (11).
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), até esta quarta-feira (10) haviam sido cumprido cerca de 122 horas de voo nas buscas. O helicóptero, no entanto, ainda não foi encontrado e as buscas serão retomadas logo pela manhã desta quinta.
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A FAB e a Polícia, que investigam o caso, conseguiram, até o momento, somente algumas pistas para desvendar o desaparecimento do helicóptero.
Força Aérea faz buscas por helicóptero com 4 pessoas que saiu de SP e desapareceu a caminho do Litoral Norte.
Arte/g1
Imagens de rodovia
Câmeras de monitoramento na Rodovia dos Tamoios (SP-99), que liga o Vale do Paraíba ao Litoral Norte de São Paulo, captaram imagens que podem ser de helicóptero desaparecido. Veja o vídeo abaixo:
Câmeras de rodovia registraram imagens de possível registro do helicóptero desaparecido
As imagens mostram uma aeronave na altura do quilômetro 58 da rodovia, entre às 14h07 e 14h13 do dia 31 de dezembro, data em que o helicóptero decolou.
O material é usado pelas autoridades envolvidas na operação de buscas para montar possíveis linhas de deslocamento da aeronave e identificar os locais para onde ela possa ter ido.
Sinais de celulares
A mais recente das pistas foi revelada na tarde desta quarta-feira (10), pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope): a de que uma antena em Paraibuna também identificou sinais do aparelho celular de Raphael Torres, um dos passageiros da aeronave.
Segundo o Dope, a antena captou sinais do telefone de Raphael até às 23h54 do dia 31 de dezembro, dia do desaparecimento.
Antena de celular (à esquerda) que identificou último sinal emitido pelo celular de passageira do helicóptero desaparecido em SP
Reprodução/TV Globo
Antes dessa nova pista, a corporação envolvida nas investigações também haviam identificado a emissão de sinais do celular de Luciana Rodzewics. No entanto, o aparelho emitiu sinais até às 22h14 do dia 1º de janeiro, quase 24 horas depois do celular de Torres.
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Primeiras pistas
Antes da identificação dos sinais dos celulares de Raphael e Luciana, a Polícia levantou, logo no início das buscas, mensagens trocadas entre Letícia Ayumi (filha de Luciana) com o namorado, durante o voo.
Na ocasião, Letícia chegou a trocar mensagens com o namorado. Ela conta que o grupo chegou a fazer um pouso antes de retomar o voo e perderem contato. Letícia enviou duas fotos do local para o namorado.
As mensagens foram enviadas no domingo e a jovem escreveu:
“Tempo ruim. Não dá para passar. Medo”.
Depois, Letícia envia uma mensagem dizendo que fizeram um pouso de emergência.
“Pousamos no meio do mato”, disse.
Na sequência, o namorado pergunta em qual local ela estava e a jovem diz não saber.
“Sei lá, estou parada no meio do mato”, afirmou Letícia.
Um vídeo feito por Letícia, que mostrava as más condições do tempo durante o voo, também servem de pistas para a Polícia. Na ocasião, a jovem enviou o vídeo ao namorado e afirmou que o tempo estava ruim.
Antes de helicoptero desaparecer, passageira enviou vídeo para namorado: ‘Tempo ruim’
Segunda troca de mensagens
Ainda no dia do desaparecimento, o passageiro Raphael Torres enviou um áudio ao filho, às 14h25 — cerca de 1h10 depois da decolagem — dizendo que haveria uma mudança de rota por causa das condições climáticas e que a aeronave iria para Ubatuba, também no litoral norte.
“Vi que você leu minha mensagem agora. Acho que vou para Ubatuba, porque Ilhabela está ruim. Não consigo chegar”, disse o empresário em áudio enviado ao filho às 14h25.
O empresário Raphael Torres é um dos passageiros do helicóptero que sumiu em São Paulo
Arquivo pessoal
Local de pouso
Um pouso feito pela aeronave, próximo à represa em Paraibuna, também é utilizado como pista na investigação do caso. Isso porque, durante o voo, a aeronave pousou em um local, o qual Letícia registrou e enviou ao namorado.
Helicóptero chegou a fazer pouso de emergência em área de mata, antes de retomar voo e desaparecer em SP.
Arquivo pessoal/g1
No sábado (6), seis dias após o desaparecimento, a Polícia Civil encontrou a área onde o helicóptero pousou.
O local, segundo a Polícia Civil, foi encontrado após o rastreio do último sinal do celular de Luciana Rodzewics, uma das pessoas que estavam na aeronave. Ao encontrar o local, a polícia passa a traçar novas rotas de buscas e investigações. A polícia informou que não acredita ter sido um pouso de emergência no local, mas, sim, um pouso para esperar por melhores condições climáticas.
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Desaparecimento
A aeronave saiu da capital paulista com destino a Ilhabela (SP), mas perdeu o contato com as torres de comando.
De acordo com a Polícia Militar, que deu apoio nas buscas, a aeronave desaparecida saiu do aeroporto de Campo de Marte, em São Paulo, no domingo (31), por volta das 13h15, com destino a Ilhabela.
Luciana Rodzewics, de 45 anos; a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20 anos estavam na aeronave.
Arquivo pessoal
Ao g1, a irmã da passageira Luciana informou que eles planejavam fazer um bate-volta para Ilhabela. Ela alega que Raphael é amigo do piloto e convidou a Luciana e a filha para esse passeio. Não era, segundo ela, um passeio contratado.
O helicóptero que desapareceu possui o prefixo PRHDB, modelo Robinson 44, e é pintado de cinza e preto.
Helicóptero que desapareceu com 4 pessoas a caminho do Litoral Norte de SP.
André de Sousa
Buscas
No dia 31 de dezembro, às 22h40, foi gerado um alerta para o Comando de Aviação e para o Corpo de Bombeiros, já que não havia registro de pouso da aeronave ou possibilidade de contato com o piloto.
Desde então, a Força Aérea Brasileira (FAB) tem procurado o helicóptero desaparecido. Segundo a FAB, no entanto, a área delimitada é de cerca de 5 mil quilômetros — o que dificulta as buscas.
Inicialmente as investigações iniciais apontavam para a possibilidade de o helicóptero estar em alguma área entre a Serra do Mar, que é uma região de floresta densa do bioma Mata Atlântica, e Caraguatatuba (SP), cidade vizinha ao arquipélago de Ilhabela.
Na primeira semana, além da FAB, a Polícia Militar e a Polícia Civil também iniciaram o auxílio nas buscas pelo helicóptero desaparecido.
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Ainda nos primeiros dias, as buscas pelo helicóptero foram concentradas no litoral norte, Paraibuna, Natividade da Serra, Redenção da Serra, São Luiz do Paraitinga e Salesópolis.
Durante a segunda semana, a concentração das buscas foi voltada às cidades de Paraibuna, Redenção da Serra e Natividade da Serra, próximo à represa onde o helicóptero fez o último pouso registrado.
Na primeira semana, além da FAB, da PM e da Polícia Civil, um helicóptero do Cavex de Taubaté também auxiliou nas buscas. O modelo utilizado para as buscas foi o Pantera K2.
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Um dia depois, no sábado (6), a Polícia Civil passou a utilizar drones para auxiliar nas buscas pelo helicóptero desaparecido.
Ainda no sábado, foi identificado por meio da imagem do drone um objeto suspeito entre as árvores. O helicóptero Pelicano, da Polícia Civil, foi ao local para ajudar na averiguação do objeto suspeito. Porém, na sequência, a polícia constatou que se tratava de um tronco de árvore.
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Rauston Naves/TV Vanguarda
O SC-105 Amazonas foi a primeira aeronave a participar as buscas, que começaram no dia 1° de janeiro. O modelo conta com 15 tripulantes – a maioria dos profissionais a bordo ficam nas laterais da aeronave de busca observando o solo abaixo para localizar possíveis sinais do helicóptero desaparecido.
Outro modelo da FAB que participa da operação é o H-60 Black Hawk, um helicóptero militar versátil de médio porte, usado em larga escala para infiltração e retirada de tropa para missões de resgate e busca e salvamento.
A aeronave pode percorrer até 295 quilômetros em apenas uma hora e conta com nove tripulantes a bordo nas buscas pelo helicóptero desaparecido.
H-60 Black Hawk, da Força Aérea Brasileira
Divulgação/Força Aérea Brasileira
Além da FAB, a operação conta com auxílio de dois helicópteros Pelicano da Polícia Civil. Cada aeronave do modelo ‘Esquilo’ opera com quatro pessoas a bordo, sendo dois pilotos e dois tripulantes.
O modelo tem quase onze metros de comprimento e mais de três metros de altura. Pesa 1,1 tonelada vazio e pode comportar um peso máximo de 2,2 toneladas.
Helicóptero Pelicano, da Polícia Civil
Divulgação/Secretaria de Segurança Pública
Dois helicópteros Águia da Polícia Militar também participaram da busca. O Águia 12 é equipado com FLIR (do inglês ‘Forward Looking Infra-Red’), que detém uma câmera termal (infravermelha) e de grande possibilidade de zoom, o que amplia a capacidade das buscas.
Também empregado na operação, o Águia 33 conta com a capacidade de voo por instrumentos (o que dá mais segurança) e piloto automático (provoca menor carga de trabalho no voo, com mais atenção de todos nas buscas).
Helicóptero Águia, da Polícia Militar
Divulgação/Polícia Militar
Piloto tinha licença cassada
O piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, é uma das quatro pessoas desaparecidas após o helicóptero que ele estava comandando perder contato com a torre e sumir no último domingo (31). Nenhum órgão oficial divulgou a identidade do piloto, no entanto, a informação foi apurada pelo g1.
Piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos.
Reprodução/Redes sociais
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Cassiano tem um histórico ruim. A Anac informou que o piloto chegou a ser pego em flagrante em uma ação de fiscalização no aeroporto Campo de Marte, em 2019, no qual piloto chegou a jogar o helicóptero que comandava contra um servidor da Anac, que realizava a fiscalização no local.
Em setembro de 2021, a diretoria da Anac cassou a habilitação dele. O órgão afirma que houve caso de conduta grave de fraude por parte de Cassiano, irregularidade que resultou na pena máxima de cassação.
Para a Anac, cassar a habilitação para voar é a pena mais grave dentro da ação administrativa do órgão regulador, é a punição máxima que se pode aplicar.
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